Neo-Ortodoxia: Um Perigo Camuflado
A neo-ortodoxia ou barthianismo é um modelo teológico ligado ao nome do teólogo alemão Karl Barth (1886-1968). Sua obra literária de maior destaque é a Dogmática da Igreja, escrita em treze volumes que encerram os elementos principais do seu pensamento.
O universo teológico de Barth é amplo e nele se destacam pontos interessantes como a soberania de Deus e o lugar central concedido a Cristo. Porém, o aspecto do pensamento neo-ortodoxo que mais se popularizou e que merece séria crÃtica por parte dos crentes é sua visão acerca da BÃblia.
Barth ensinou que a única revelação de Deus ao homem é Cristo. Só ele é a Palavra de Deus. Por ele, exclusivamente, Deus se comunicou com os seres humanos e isso aconteceu quando a Palavra se fez carne e o Deus-homem se manifestou ao mundo.
De acordo com esse entendimento, a BÃblia não é a Palavra de Deus, pois somente Cristo é. Ademais, Barth não cria que as palavras das Escrituras fossem inspiradas e também não acreditava que os registros bÃblicos fossem infalÃveis. Curiosamente, segundo a neo-ortodoxia, ainda que a BÃblia não deva ser vista como revelação de Deus, ela deve ser respeitada, pois as Escrituras podem se tornar Palavra de Deus caso Cristo fale conosco por intermédio de suas páginas e assim nos conduza a um encontro com ele. Dessa forma, elas não são Palavra de Deus num sentido objetivo, mas podem vir a ser num sentido subjetivo e existencial, dependendo do impacto espiritual que causem sobre um determinado indivÃduo, num dado momento de sua vida.
Não há nenhuma igreja especÃfica ligada à neo-ortodoxia. Trata-se de uma doutrina que está disseminada entre pastores das mais diversas denominações, especialmente as tradicionais. Porém, como seu ensino é sutil (afinal, quem questionaria a afirmação de que Cristo é a Palavra de Deus? João 1.1-14 não ensina isso?), muitas vezes sua ameaça deixa de ser percebida.
Alguns textos que combatem a bibliologia neo-ortodoxa são: Mateus 1.22; João 17.17; 2Timóteo 3.16; 2Pedro 1.20-21 e Hebreus 1.1.
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria