Sexta, 29 de Março de 2024
   
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O Sorriso Amável

Pastoral

Em uma noite de domingo, David Livingstone estava no Aberdeen Music Hall participando de um culto ministrado por uma delegação da Sociedade Missionária de Londres (London Missionary Society). Quando o culto acabou, Livingstone olhava pensativamente para os integrantes daquele grupo enquanto eles deixavam o local. A expressão do seu olhar, então, chamou a atenção de um pastor que estava próximo a ele. O pastor se aproximou dele mansamente e, com um sorriso, perguntou: “Meu rapaz, você gostaria de ser um missionário?”. Mais tarde, Livingstone disse que foi aquele sorriso gentil que o levou a tomar sua decisão final de servir seu salvador como missionário estrangeiro.

Essa é uma história muito interessante. É claro que não foi por causa de um sorriso que David Livingstone se tornou missionário até a morte. Ele atendeu ao chamado missionário porque Deus, por sua palavra, lhe mostrou a responsabilidade dos crentes (1Pe 2.9) e a necessidade dos ímpios (Rm 3.23). Mas é interessante notar como a amabilidade de um irmão o encorajou, ajudou a dissipar as dúvidas e o fez sentir que deveria realmente abrir mão de tudo para atender ao chamado divino. Fico imaginando o que ele teria sentido se, em lugar de um sorriso e uma palavra agradável, ele tivesse visto um rosto irônico, cheio de desprezo, e palavras desanimadoras como: “Nem pense nisso... você não é bom o suficiente”. Ainda bem que o Senhor enviou a Livingstone um homem de coração bondoso e amável.

Bem diferente daquele pastor, muitos “crentes” se gabam de ter uma personalidade forte e de serem seguros o bastante para poder “pisar” outras pessoas sem se sentirem mal. Na verdade, eles têm uma visão tão elevada de si mesmos que acham isso até natural, afinal, ninguém mais se compara a eles, nem tem o seu valor. Nada nem ninguém fora de suas próprias casas têm importância. Por isso, sempre de cara “amarrada” e com uma postura “condenatória”, tais pessoas desenvolvem uma incrível habilidade de ser desagradáveis, intimidadoras, desencorajadoras e causadoras de conflitos. Como isso é terrível dentro de uma igreja! Causa mais destruição que os ataques externos do inimigo do nosso Deus!

Como as Escrituras são diferentes disso! Em primeiro lugar, elas nos ensinam a desenvolver, como crentes em Cristo, uma atitude apropriada. Em vez de produzirmos uma competição interna para definir quem são os melhores, somos chamados a ter um trato cheio de amor, cujo ânimo seja marcado pela humildade: “Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes” (1Pe 3.8). Uma atitude desse tipo não nos permitirá, de modo algum, ser pessoas “intratáveis”. Ao contrário, o crente que assume uma atitude semelhante à de Cristo é alguém de fácil convivência, de fácil correção, de fácil instrução e de fácil cooperação: “A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tg 3.17). O contrário disso é se tornar uma “pedra no sapato” do corpo de Cristo ao ser briguento, extremamente exigente e pronto a criar tensões onde deveria haver paz. O crente que desenvolve o caráter que Deus ensina é o oposto disso: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente” (2Tm 2.24).

Outro ensino sobre tratamento entre os irmãos que as Escrituras nos oferecem é desenvolver uma conversa apropriada. A comunicação silenciosa — gestos, expressões e mensagens não ditas — é eficaz em se fazer entender. Entretanto, as palavras são o veículo principal de comunicação e de destruição quando alguém mantém uma atitude contrária à do nosso Senhor. Por isso, o apóstolo recomenda: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Algumas vezes, a palavra apropriada deve ser dura, como Jesus mesmo exemplificou (Mt 12.34). Entretanto, poucas são essas ocasiões e o próprio Jesus se destacou não pelas palavras duras, mas por suas “palavras de graça” (Lc 4.22). Assim, os seguidores de Jesus devem ter em mente que suas conversas devem imitar o próprio modo de falar do nosso Senhor. Em primeiro lugar, evitando as palavras que causem destruição nos irmãos: “Nas palavras do sábio há favor, mas ao tolo os seus lábios devoram” (Ec 10.12). Em segundo, procurando dizer o que encoraja, corrige e torna melhor o corpo de Cristo assim como se um remédio estivesse sendo administrado por um médico capaz: “O sábio de coração é chamado prudente, e a doçura no falar aumenta o saber. [...] Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv 16.21,24). Por último, evitando a todo custo falar coisas ruins como palavras imorais, preconceituosas, carregadas de ódio e de mau testemunho: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4.29).

Certamente, o que dirige a vida dos crentes é a Palavra de Deus, segundo a ação do Espírito Santo. Entretanto, quantos de nós já não fomos abençoados por palavras santas embaladas em sorrisos amáveis e carinhosos? Que as pessoas sempre lembrem de nós como pessoas sérias cuja seriedade seja poeticamente combinada a um belo sorriso que vem de uma atitude amável e de palavras sábias! Que todos os crentes atendam à ordem do apóstolo: “Tratai todos com honra, amai os irmãos” (1Pe 2.17a).

Pr. Thomas Tronco

 

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