A Dor da Ansiedade
É sua vontade que eu deva lançar
Sobre seus braços diários anseios;
Ele, também, me ordena guardar
Confiança segura pelos seus meios.
Mas, quão tolamente faço o oposto
Despercebido do caminho vão:
Da confiança eu sinto desgosto
E dos meus anseios sou guardião!
Como esses versos são verdadeiros na vida de tantos de nós, crentes em Cristo! Os problemas vêm e nos abatem. Pensamos não haver solução nos lugares em que a vida nos levou. Imaginamos terríveis desfechos ao longo dos dias – e das noites, as quais passamos em claro. No final das contas, tem razão a primeira parte do provérbio de Salomão: “A ansiedade no coração do homem o abate” (Pv 12.25a).
Mas eu não sou um escritor pessimista. Nem eu, nem o provérbio em questão, já que termina dizendo “mas a boa palavra o alegra” (Pv 12.25b). Além de informar o caminho para a alegria, é possível perceber que o sábio escritor de Provérbios afirma que há solução para os casos que geram ansiedade. Se o desespero toma conta do crente, Deus abre o caminho que o traz de volta para sua comunhão, para o consolo predito e prometido e para o ânimo dependente do cuidado e do amor do nosso mestre.
Se é verdade que “a boa palavra alegra”, podemos, certamente, lançar mão da melhor e perfeita palavra a que temos acesso: a Palavra de Deus. Ela nos ensina muitas verdades nesse sentido, mas podemos olhar para pelo menos três delas. A primeira é que Deus tem conhecimento da ansiedade dos seus: “Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta” (Sl 38.9). Nosso Deus não é amigo apenas nas horas boas. Nos momentos ruins, ele sabe tudo que acontece conosco e não ignora o nosso sofrimento.
A segunda verdade é que Deus cuida dos crentes aflitos: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7). Deus não se contenta em saber dos nossos conflitos. Neles, ele quer nos consolar e nos tomar em seus braços a fim de atravessarmos momentos de tristeza e desânimo.
Finalmente, a terceira verdade é que Deus ensina a confiar nele em oração: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6). Apesar de Deus conhecer nossos caminhos, ele quer que o busquemos em oração. Essa ação, além de ser um dos meios usados por ele para livrar-nos do mal e das tribulações, é também o meio para nos aumentar a confiança e dependência dele.
Assim sendo, se eu tivesse conhecido o poeta James Seward, pediria a ele licença para completar sua poesia com os seguintes termos:
Lembrado, porém, da tua bondade,
Sinto correr dentro em mim um vigor;
Entrego meu pranto, deixo a ansiedade
Nas mãos do meu Mestre, meu Salvador!
Pr. Thomas Tronco