Satanás ‘não Joga Dados com o Universo’?
Em 1957, o jogo de tabuleiro La Conquête du Monde foi criado pelo francês Albert Lamorisse. No Brasil, ele fez muito sucesso na década de 1980, mas com outro nome – War, da empresa Grow. Entretanto, o jogo possuía uma característica interessante: seu tempo de jogo poderia variar entre uma e oito horas! Na verdade, recordo-me de que poucas vezes consegui chegar ao objetivo final do jogo, principalmente quando as cartas com os objetivos de destruir algum exército específico haviam sido sorteadas entre os participantes.
O motivo da demora residia no fato de que o jogo era baseado em estratégia, mas também na sorte com os dados. Logo, não demorou muito para que alguns amigos de infância comentarem comigo sobre os famigerados “dados viciados”. Enfim, dados que não tivessem a probabilidade de aproximadamente 16% de cada face cair virada para cima. Todavia, embora essa informação não tenha despertado a vontade de trapacear, pois todos os participantes se beneficiariam dos dados, permaneceu a curiosidade sobre como um “dado viciado” poderia ser fabricado.
Não é difícil. Veja a “receita caseira” de um “dado viciado: pegue um dado íntegro, coloque-o em uma assadeira com a face que você deseja que seja a mais favorecida probabilisticamente para baixo. Pré-aqueça em um forno a 120 graus Celsius e deixe-o por dez minutos. Pronto! O calor vai fazer com que o plástico do interior do dado se derreta e se concentre na parte inferior do dado predispondo-o a sempre cair daquela forma, assim como o que observamos com boneco “João bobo”.
A Palavra de Deus também fala sobre “dados viciados”. Porém, mostra que o que está em jogo não é uma partida de tabuleiro, mas a alma dos seres humanos! Na carta de Paulo aos efésios (Ef 4.14), o apóstolo nos exorta sobre o perigo de sermos enganados por todo o vento de doutrina pela “artimanha” dos homens. A palavra “artimanha” é a tradução da palavra grega kubeia, que deu origem à palavra portuguesa “cubo”. Ou seja, o cubo é o formato dos dados e seu sentido no texto é justamente mostrar que os “cubos” eram utilizados para enganar as pessoas, usando certas habilidades. Essa palavra aparece apenas uma vez na Palavra de Deus e é alarmante vê-la sendo usada exclusivamente para demonstrar que muitos são os que apostam suas vidas num jogo com “dados viciados” para a perdição.
“... para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4.14).
A receita de Satanás para os “dados viciados”, ou seja, “doutrinas viciadas”, que ele tem colocado nas mãos dos homens não é muito diferente da descrita acima: pegue uma doutrina íntegra, coloque-a numa igreja aquecida pelas paixões da carne e do pecado e deixe-a ali por algum tempo. Logo o calor da perversão da graça de Cristo promovida pelos falsos mestres desnaturará a doutrina fazendo-a “cair” sempre na posição que desejam.
Nunca nenhum homem ganhou com os dados que Satanás colocou em suas mãos. Pelo contrário, suas apostas de fé os levarão à perdição eterna, choro e ranger de dentes.
O físico pop Albert Einstein disse, certa vez, referindo-se à sua teoria de que o “acaso” não era tão “indomável” quanto pensávamos, que “Deus não joga dados com o universo”. A frase é até hoje debatida, mas sabemos, com convicção, que “Deus não joga dados”, pois, desde sempre seus decretos estão em vigor (Sl 148.6). Não se pode, porém, dizer o mesmo de Satanás: ele não perderá a oportunidade de jogar seus “dados viciados” com a humanidade. E não adianta assoprar...
Leandro Boer
Líder dos Jovens da IBR São Paulo