Quarta, 24 de Abril de 2024
   
Tamanho do Texto

Pesquisar

A História da Graça e o Ânimo na Oração

Pastoral

Que o crente deve orar está acima de qualquer discussão. É verdade que já surgiram “pregadores” dizendo que a oração é desnecessária, devendo o crente “determinar” ou “reivindicar” o que anela. Porém, essas vozes jamais foram levadas a sério pelos crentes de verdade. Para estes quem determina tudo é Deus. A gente só suplica que sua vontade seja feita.

E essa súplica não é opcional. É um dever! Temos que orar sem cessar (1Ts 5.17), sabendo que isso requer tempo, esforço e disposição (Cl 4.13,14). Aliás, quem tenta se tornar uma pessoa de oração, cedo descobre como esse alvo é difícil de ser alcançado.

É que, especialmente nos nossos dias, tudo o que não produz resultados práticos, notáveis e instantâneos parece inútil. Aprendemos a rejeitar qualquer coisa que não funcione ao simples toque de um botão.

Por isso, precisamos de encorajamentos e incentivos legítimos para nos dedicar à oração. Infelizmente, dizer que a Bíblia ordena que oremos, não basta para nos fazer dobrar os joelhos. Nossa obtusidade é tamanha que as ordens do próprio Deus têm pouco impacto sobre a consciência. Daí a necessidade que temos de outros estímulos.

Um desses estímulos pode ser a história dos atos graciosos de Deus na nossa vida. De fato, poucas coisas encorajam mais o crente angustiado a buscar a face de Deus do que a lembrança dos grandes livramentos que ele realizou no passado. Prova disso é o Salmo 126.

Esse pequeno salmo de apenas seis versículos se inicia com a menção da maravilhosa restauração que Deus operou em prol da nação israelita quando pôs fim ao exílio babilônico. “Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha...” Eis a lembrança da ministração da graça que, nos dias antigos, mostrou-se abundante e rica, enchendo de júbilo e de alegria o coração do povo agora liberto do cruel opressor.

E como prossegue o salmo? Após recordar a história da redenção, o salmista, passando agora certamente por novos apuros, se sente encorajado a orar pedindo outro livramento: “Restaura-nos, Senhor, como as torrentes no Neguebe.” Foi a história do socorro divino que o encorajou a clamar. Assim, é provável que se a nossa memória for exercitada, trazendo à superfície da mente tudo o que o Senhor já fez, talvez nos tornemos, afinal, pessoas de oração.

Vou dar aqui um testemunho pessoal que reforça a validade disso. Quando eu era criança meu pai trabalhava como policial na perigosa noite paulista. Ele só chegava em casa de madrugada e lembro-me de tê-lo visto ferido e ensangüentado pelo menos uma vez por causa de embates com marginais.

Assim, as horas que antecediam a chegada do meu pai eram horríveis. Eu não conseguia dormir. Prostrado na cama, encolhido sob os velhos cobertores, eu implorava a Deus que o protegesse, enquanto o silêncio da madrugada era quebrado pelos soluços da minha mãe. Então, num dado momento, as dobradiças do portão de madeira rangiam, nosso cachorro latia e, aliviado, eu escutava os passos do meu pai no quintal. Nesse momento a súplica se transformava em louvor e, então, eu finalmente me rendia ao doce sono de criança.

Hoje, quando as nuvens do medo cercam novamente meu coração; quando o silêncio não é de paz, mas de ameaça; quando a vida se transforma em noite, com graves perigos por perto e inimigos cruéis rondando a porta, eu me lembro da escuridão daquele quarto, do menino prostrado, dos soluços abafados e, cheio de esperança, recordo também o rangido do portão, o latido do cachorro, os passos no quintal. Então me prostro e digo: “Senhor, eu sou aquele menino que gemia no interior de uma casa pobre. Sim, sou eu de novo! O tempo passou, mas ainda tenho medo. Tenho medo porque o perigo é real e eu sou fraco, já que não passo de um menino. Tenho medo porque está escuro e eu não sei como andar ou o que fazer. Tudo o que sei é que o Senhor ouviu outrora minhas súplicas e, por isso, imploro que, em meio às trevas da incerteza, o Senhor me faça ouvir novamente o som alegre do seu livramento”.

E é assim que a história do modo como Deus respondeu os clamores da criança estimula as pobres orações do adulto. Sim, a graça evidente no fato passado robustece a força da fé no presente.

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

* Comente essa pastoral no nosso blog: http://conhecaaredencao.blogspot.com/2010/10/historia-da-graca-e-o-animo-na-oracao.html

Este site é melhor visualizado em Mozilla Firefox, Google Chrome ou Opera.
© Copyright 2009, todos os direitos reservados.
Igreja Batista Redenção.