Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Obadias 1a


“Visão de Obadias. Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom” (Obadias 1a).

Os dias do profeta Obadias foram difíceis para o povo de Judá. Jerusalém foi invadida por inimigos, o que, por si, foi uma tragédia. Mas essa tragédia aumentou porque, segundo o livro desse profeta, os habitantes de Edom não apenas de regozijaram e comemoraram (v.12) efusivamente o sofrimento dos seus vizinhos e parentes (o parentesco de Edom com Israel se dá por seus patriarcas, Esaú e Jacó, terem sido irmãos), como também ajudou ativamente na invasão da cidade (vv.11,13), matou judeus fugitivos e entregou os demais nas mãos dos invasores (v.14). A menção de uma invasão faz com que muitos comentarias suponham se tratar da invasão babilônica em Jerusalém (587 a.C.) e, por isso, datem o livro de Oseias entre os séculos 6 e 5 a.C. Porém, o pouco desenvolvimento de temas teológicos dentro da revelação progressiva, especialmente do “Dia do Senhor”, faz com que outra vertente, apoiada por um número tão expressivo de estudiosos, suponha se tratar de um livro bem mais antigo. Isso colocaria Obadias como o primeiro, entre os livros proféticos, a ser escrito, associando-o aos dias do reinado de Jeorão de Judá (848-841 a.C.),[1] quando Jerusalém sofreu, de fato, uma situação que se adequa ao contexto descrito pelo profeta, na qual a virada da batalha e a fuga dos judeus podem ter levado a guerra até Jerusalém (2Rs 8.20-22).

Independente da incerteza da ocasião específica, o que está clara é a maldade e a injustiça de Edom contra o povo israelita. A invasão, as mortes e o regozijo pela desgraça do povo de Deus são alistados no livro como feitos maus dos descendentes de Esaú. Além dessas práticas maldosas, Deus ainda reprova, desse mesmo povo, a soberba por se acharem invulneráveis em seus abrigos protegidos pelo relevo montanhoso (v.4). Pois em meio a esses pecados abertos, sem qualquer temos de Deus, é que o Senhor se pronuncia e dá uma “visão” a Obadias. O livro e a profecias são curtos, mas prometem grande punição a Edom (vv.4-21) — além da futura reparação a Israel por todo mal sofrido e sua glorificação por meio do estabelecimento definitivo do seu reino (v.21), algo a ser cumprido pela vinda do Messias. E é interessante notar que, mesmo os edomitas contando com um território pequeno e um povo não expressivo diante das grandes nações e exércitos daqueles dias, com todo seu poder e maldade, Deus olha para aquela situação e se pronuncia “a respeito de Edom”. Os pecados de impacto reduzido, quando comparados ao mundo da época, não fez com que fugissem aos olhos do Senhor, nem fez com que ele os tratasse com descaso ou pouca atenção. De fato, ao se pronunciar, o nome utilizado no texto é o do “Senhor Deus”, título associado com a soberania divina e com suas qualidades mais admiráveis, mas grandemente temíveis.

Com isso, algumas lições não podem passar por nós sem serem devidamente consideradas. A primeira delas é que Deus está atento a tudo, desde os grandes movimentos e catástrofes do mundo até os acontecimentos mais simples e corriqueiros, em qualquer parte do mundo. Nada passa por Deus despercebido e nenhum fato lhe escapa à atenção. A segunda lição é que Deus se levanta contra o mal e, ainda que nem todo dia ele pronuncia grandes punições, ele reserva ocasiões em que pune todos os tipos de pecado. Muitas vezes essas punições são nacionais ou mundiais, mas há também aqueles tratamentos pessoais que o Senhor rende aos pecadores que não lhe temem o nome. Independente da frequência os da abrangência dessas ações punitivas de Deus, quando ele pronuncia juízo “a respeito de” alguém, não há quem possa detê-lo ou suportar sua mão soberana. Se, por um lado, isso deve causar temor, deve também produzir no seu povo esperança, pois, ainda que sofra por causa dos pecados e perseguições do mundo, Deus está a par da cada detalhe de tudo que ocorre e ainda se levanta para proteger e fazer as devidas reparações pelos seus. É certo que a reparação plena foi determinada por Deus para o futuro escatológico, mas nesse tempo, nos dias presentes, ele é Deus santo contra o mal e pai protetor em favor dos seus filhos. A qual desses grupos você pertence?

Pr. Thomas Tronco

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[1] Tronco, Thomas. Fundamentos da Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2014, p. 86.

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