Quinta, 28 de Março de 2024
   
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Micropolítica

Pastoral

"Ele deve governar bem sua própria família... Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?"  (1Tm 3.4-5).

Não entendo de política, mas, com o tempo, assimilei um “princípio” que parece inegável: os candidatos, quando eleitos, sempre decepcionam. Partidos, personagens e propostas encantam as pessoas durante algum tempo e enchem o coração delas de esperança com belas promessas de um futuro melhor. Bem cedo, porém, todos se sentem enganados, voltando então os olhos para outros partidos e outros candidatos que, uma vez no poder, novamente decepcionam o povo.

Nos últimos tempos a coisa piorou. Com as eleições que se aproximam, os desiludidos como eu não se preocupam só com decepções. Temos medo de outros males. Temos medo de ver nossa liberdade ameaçada; temos medo de ver a criminalização da decência; temos medo de ver a perpetuação de um império de injustiças. Sim, pois as pessoas e partidos que dominam o País trabalham abertamente em prol da banalização do casamento e
da família, defendem perversões sexuais, militam em prol do aborto e preparam o terreno para cercear a liberdade religiosa de que desfrutamos. Alguns dizem que o nosso presidente apoia tudo isso, que ele é amigo de ditadores assassinos e que vive associado ao lixo da política internacional.
 
Nesse cenário, votar deixou de ser um gesto político fadado a gerar meras decepções. Votar, agora, é um ato perigoso. Pode representar um ataque contra a fé e contra os princípios cristãos fundamentais. Sim, para o crente, votar pode ser um ato suicida, um meio de alimentar o monstro que mais tarde não medirá esforços para destruir a igreja e sua mensagem.

Tudo isso assusta e nos deixa ansiosos. Qual seria a saída para a expectativa de desilusões e prejuízos que a política invariavelmente traz? Como amenizar, enquanto o Príncipe da Paz não vem, a angústia que se aloja em nosso peito quando vemos desabar, sob os golpes dos poderosos, aqueles valores que tanto amamos?

É claro que a principal saída é manter acesa a chama de esperança no estabelecimento do Novo Céu e da Nova Terra que o Senhor criará para os seus eleitos. Porém, essa esperança não pode ser (e não é!) do tipo que lança os cristãos na inércia. C. S. Lewis estava certo quando disse que os homens que mais trabalharam em prol deste mundo foram exatamente os que mais ansiaram pelo outro! De fato, a esperança cristã é atuante. Ela não fica somente a repetir “Venha o teu Reino!”. Antes, leva o homem a viver como se o Reino já estivesse estabelecido plenamente aqui.

Isso é possível porque todos nós detemos algum grau de poder. Todos nós reinamos sobre alguma coisa. Todos somos presidentes em alguma esfera, por menor que ela seja. Exercemos funções de autoridade dentro de casa, no trabalho, na igreja e na escola. Governamos (bem ou mal) nosso dinheiro, nosso corpo e nossas palavras. Administramos nosso tempo, nossos bens e nossos relacionamentos. Criamos leis e “programas de governo” com prioridades que dão rumo à nossa vida e trazem impacto sobre os outros. Com efeito, não há ninguém neste mundo a quem não tenha sido dada alguma parcela de poder. E mais: não há ninguém neste mundo que, na administração do poder que lhe foi dado, não afete, de forma boa ou má, as pessoas ao seu redor.

É essa visão de responsabilidade micropolítica que o crente deve compreender e adotar. Se ele anseia por vislumbrar já neste mundo um governo onde impere a justiça, a verdade, a decência, a ordem, a honestidade, a honra e os bons costumes, então, que construa, ele próprio, tudo isso no reino-célula que governa. Assim, dentro das fronteiras da sua casa, dos seus negócios, das suas palavras e das suas amizades, a esperança que nunca se concretiza por meio das urnas finalmente se realizará. Que o crente faça, portanto, boa micropolítica, governando sob o temor do Senhor. Se agir assim, com certeza vai dizer: “Nunca, na história desse micropaís, a gente se sentiu tão contente!”

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria
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