Quarta, 24 de Abril de 2024
   
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Deus Sabe quem Vai Ganhar as Eleições?

Pastoral

Algum tempo atrás, qualquer crente de conhecimento bíblico raso responderia a essa pergunta sem vacilar: “É claro que sabe!” Hoje, contudo, os cristãos não têm mais tanta certeza assim. É que um grupo relativamente recente de teólogos e pastores começou a dizer o seguinte: “Se Deus conhece o futuro, então o futuro está fixo e pronto e o homem não tem liberdade de escolha”. Opa! Veja o que entrou no debate: de um lado estava a presciência divina; de outro a liberdade do indivíduo. Não podendo conciliar as duas coisas pela via da razão, esses “doutores” decidiram descartar uma delas. E o que decidiram descartar? A presciência de Deus ou a liberdade do homem?
 
É fácil adivinhar. Numa época em que o ser humano é divinizado, num tempo em que as igrejas fazem do homem o centro de seus cultos e numa fase da história em que as pessoas recebem liberdade até para criar suas próprias verdades, não foi difícil escolher o que devia ir para o lixo. Então, jogaram fora a presciência; sacrificaram-na no altar sagrado do livre-arbítrio. Resultado: novos ensinos surgiram dizendo que Deus não conhece o futuro e que o homem é livre para construir seu destino sem nenhuma influência divina determinante dos rumos da história. É como se esse novo deus dissesse para cada indivíduo: “Filho meu que está na terra, construa o seu próprio reino, seja feita a sua vontade, assim na Terra como no céu!”

Esse império da vontade humana sobre a presciência e vários outros atributos divinos não encontra, porém, amparo nas Sagradas Escrituras. No tocante a quem deve governar um país, por exemplo, a Bíblia mostra que a decisão final acerca disso repousa no Deus verdadeiro. No livro de Daniel, pelo menos três vezes, aparece a frase “o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Dn 4.17,25,32).

Vê-se assim que Deus conhece de antemão quem vai governar um país. E mais: ele não sabe disso porque deu uma espiadinha “no corredor da história” e viu quem chegaria ao “trono”, mas sim porque ele próprio escreveu a história e tem poder suficiente para investir de autoridade aquele que soberana, sábia e previamente decidiu que governaria. Foi por isso que Jesus disse a Pilatos: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima..." (Jo 19.11).

Como conciliar isso com a liberdade humana? Como aceitar essa verdade e, ao mesmo tempo, ser responsável pelo meu voto no dia das eleições. No tocante à liberdade humana, já passou da hora de o povo evangélico entender que, acima do sonhado livre-arbítrio do homem está o real livre-arbítrio de Deus. Ele sim tem vontade livre e faz o que quer soberanamente sem que ninguém possa alterar seus planos (Is 43.13). Aliás, ele tem o direito e o poder até de mudar a vontade das pessoas para que elas cumpram seus santos desígnios (Pv 21.1). Sim, na Bíblia é a vontade humana que recua diante do querer irresistível de Deus. Decididamente, tomando emprestadas as palavras do velho Tertuliano de Cartago (m. 220), o deus desses novos filósofos não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó!

Mas, e a responsabilidade pessoal? De novo: posso ser considerado responsável pelo meu voto? Nesse ponto a Bíblia realmente nos deixa intrigados. Sua resposta é “Sim... Você é responsável!” Como? Se Deus planejou tudo de antemão e as coisas vão acontecer como ele quer, por que somos responsáveis? Lamento informar: a Bíblia afirma esse dilema, mas não o dissolve. Veja o que Jesus disse: “O Filho do homem vai, como foi determinado (aqui está a presciência e a soberania divina); mas ai daquele que o trair!” (aqui está a responsabilidade humana). Como conciliar as duas realidades? Não sabemos. Deus escondeu isso de nós. E é melhor dizer “não sei” e ser um burro aparente do que jogar fora a presciência e ser um herege de verdade.

É para esses últimos que dirijo as palavras pesadas do profeta Isaías: “Lembrem-se disto, gravem-no na mente, acolham no íntimo, ó rebeldes. Lembrem-se das coisas passadas, das coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada” (Is 46.8-10).

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

PS: Mesmo sem ser presciente, mas por meio de outros mecanismos, acho que até eu sei de antemão quem vai ganhar as eleições. Não será, porém, com o meu voto, pelo qual continuo absolutamente responsável, ainda que haja um Deus soberano no céu.

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