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O Novo Calvinismo

Pastoral

A revista Time, em sua edição eletrônica, listou as dez influências mais importantes no mundo na atualidade. O chamado novo calvinismo aparece em 3º lugar. Abaixo, o texto traduzido, na íntegra, pelo pastor F. Wellington Ferreira, membro da Igreja Batista da Graça, em São José dos Campos, SP (Publicado originalmente no blog da Editora Fiel).
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O NOVO CALVINISMO

Se você quer realmente seguir o desenvolvimento do cristianismo conservador, rastreie as suas músicas de sucesso. No início do século 20, você ouviria Rude Cruz, uma celebração da expiação. Nos anos 1980, você teria compartilhado a intimidade do tipo “Jesus é meu amigo”, expressa na canção Brilha, Jesus. Hoje, as músicas de sucesso retratam cada vez mais um Deus que é muito grande, enquanto nós… bem, ouça a banda de David Crowder: “Estou cheio de terra / Tu és o tesouro do céu / Estou sujo de lama / Inclinado à depravação”.

O calvinismo está de volta, e não apenas no âmbito da música. A resposta de João Calvino, no século 16, aos excessos do catolicismo na forma de “compre o seu livramento do purgatório” é a mais recente história de sucesso do evangelicalismo [americano], uma história completa: com uma Deidade totalmente soberana que administra as coisas mínimas, uma humanidade pecaminosa e incapaz e, a combinação da consequência lógica, a predestinação: a crença de que, antes do tempo surgir, Deus resolveu a quem salvaria (ou não), sem influenciar-se por qualquer ação ou decisão humana subsequente.

O calvinismo, primo de outro pilar da Reforma, o luteranismo, é bem menos rígido do que os seus críticos afirmam. O calvinismo apresenta uma Deidade firme que orquestra absolutamente tudo, incluindo a enfermidade (ou o arresto da casa!), por meio de uma lógica que talvez não entendamos, mas não temos de criticar depois que vemos os resultados. Nossa satisfação — e nosso propósito — se realiza apenas ao glorificá-lo. No século 18, o pregador puritano Jonathan Edwards revestiu o calvinismo de um misticismo quase extasiante. Mas logo o calvinismo foi vencido nos Estados Unidos por movimentos como o metodismo que eram mais impressionados com a vontade humana. Grupos liberais descendentes dos calvinistas, como a Igreja Presbiteriana(EUA) [PCUSA], descobriram outra ênfase, enquanto o evangelicalismo perdia o interesse por uma doutrina consistente(havia o triunfo daquele Jesus amável e impreciso) e parecia relegar a pregação reformada fiel (a palavra reformado é um sinônimo de calvinista) a algumas poucas igrejas persistentes do Sul [dos EUA].

Isso não acontece mais. Os ministros e autores neocalvinistas não agem numa escala como Rick Warren. Contudo, ouça Ted Olsen, editor-chefe da revista Cristianity Today: “Todos sabem onde estão a energia e a paixão no mundo evangélico” — com o neocalvinista pioneiro John Piper, de Minneapolis, com Mark Discroll, o brigão de Seattle, e Albert Mohler, presidente do Southern [Theological Baptist] Seminary, da grande Convenção Batista do Sul [dos EUA]. A Bíblia de Estudo ESV, com sabor calvinista, esgotou a sua primeira tiragem; blogs reformados como Between Two Worlds estão entre os links mais populares do ciberespaço cristão.

À semelhança dos calvinistas, os evangélicos mais moderados estão explorando curas para o desvio doutrinário do movimento, mas não podem oferecer a mesma segurança coletiva. “Muitos jovens cresceram em cultura de destruição, divórcio, drogas e tentação sexual”, disse Collin Hansen, autor de Young, Restless, Reformed: A Journalist’s Journey with the New Calvinists. “Eles têm muitos amigos; o que precisam é de um Deus.” Mohler disse: “No momento em que alguém começa a definir o ser ou os atos de Deus biblicamente, essa pessoa é levada a conclusões que são tradicionalmente classificadas como calvinistas”. De fato, essa presunção de inevitabilidade tem atraído acusações de arrogância e divisionismo desde a época de Calvino. Na verdade, alguns dos entusiastas de hoje sugerem que os não calvinistas podem não ser cristãos. Pequenas disputas entre os batistas do Sul [dos EUA] (que têm um grupamento concorrente de não calvinistas) e trocas de ameaças on-line são um mau presságio.

Em julho próximo, se dará o 500º aniversário de nascimento de Calvino.* Será interessante observar se o último legado de Calvino será a difamação protestante clássica ou se, durante estes tempos difíceis, mais cristãos que buscam segurança sujeitarão a sua vontade ao Deus severamente exigente dos primórdios de seu país.

* O texto foi escrito em 2009 e se refere, portanto, a julho do ano passado.

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**A IBR é uma das poucas igrejas batistas da atualidade cujos ensinos são essencialmente calvinistas. Veja-se, por exemplo, o Artigo 10 da Declaração de Fé, constante do nosso site.

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