Sábado, 20 de Abril de 2024
   
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O Último Pecado

Pastoral

“Porque eis aí os ímpios, armam o arco, dispõem a sua flecha na corda, para, às ocultas, dispararem contra os retos de coração. Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl 11.2-3).

No campo da sexualidade, parece-me que apenas dois comportamentos ainda são reprovados severamente por nossa sociedade: a pedofilia e o estupro. Há poucas décadas, a lista era maior. Práticas homossexuais, por exemplo, eram tidas pela maioria das pessoas como vergonhosas, desonrosas e inaceitáveis. Até mesmo o adultério, hoje tão embelezado nas novelas da TV, amargava, até 2005, o status de crime em nosso Código Penal. Segundo alguns juristas, isso foi alterado porque o adultério deixou de representar uma ofensa grave, ou seja, as pessoas baixaram seus padrões morais e, consequentemente, a infidelidade conjugal passou a ser vista como uma prática comum (até mesmo normal e esperada!) que não merece ser refreada com alguma dose de rigor.

Esses exemplos mostram que, aos poucos, à medida que o povo se afasta de Deus e da sua Palavra Santa, sua sensibilidade moral diminui. Virando as costas para a verdade pura, as pessoas perdem a capacidade de se indignar e o que antes as faria se sentir horrorizadas passa, aos poucos, a ser observado com olhos de brandura e tolerância, chegando, enfim, a ser enaltecido, encorajado e elogiado.

É o que, segundo vejo, em breve vai acontecer com a pedofilia. Talvez alguém diga: “O quê? Isso nunca! As pessoas não vão chegar a tanto!”. Eu entendo essa reação e, de fato, partilho da indignação que a produz. Porém, acreditar que nossa sociedade não vai, em breve, aprovar e até exaltar a pedofilia me parece uma expectativa ingênua ― o tipo de expectativa nutrida por quem ainda não entendeu que o pecado não tem limites ou que o poço da iniquidade não tem profundidade definida (sempre é possível cavar um pouco mais).

Não sou profeta, mas vou arriscar aqui uma previsão do processo que culminará, em breve, na aceitação e defesa da pedofilia pelas pessoas do nosso mundo secularizado. Primeiro, vão abrandar um pouco a linguagem, removendo palavras do tipo crime”, “abuso” e “perversidade” do discurso relativo ao tema. Depois, surgirão reportagens na TV apresentando a pedofilia de uma perspectiva mais “científica”. Essas reportagens deixarão claro, a princípio, que não aprovam a pedofilia, mas que é necessário ouvir o que a ciência (tida hoje como inerrante, infalível e inatacável) tem a dizer. Então, um “especialista” chamado John, Charles ou Richard, professor de alguma conceituada universidade estrangeira e apresentado como “a maior autoridade no assunto”, mostrará um perfil mais brando do pedófilo; exibirá, por meio de imagens computadorizadas, como funciona o cérebro da pessoa que deseja ter relações sexuais com crianças e talvez até ouse dizer que tal indivíduo deve ser melhor entendido pela sociedade como um homem que não é necessariamente mau, mas sim alguém que não aprendeu a lidar com seu amor distorcido. “Puni-lo” ― dirá o grande especialista ― “talvez não seja a melhor forma de ajudá-lo”.

Dessa forma, com palavras escolhidas, pesadas e bem medidas, a semente da “tolerância” será cuidadosamente plantada no coração de todos. Em seguida, porém, será preciso regá-la. Mas isso é fácil e não é necessário ter pressa. Novas reportagens virão. E sempre pela via da TV, o veículo de maior alcance das massas. Pedófilos presos serão, então, entrevistados. Uma bela música de fundo será tocada enquanto eles falam de seus dramas e do quanto são incompreendidos por mentes dominadas por “preconceitos”. Palavras bonitas e expressões singelas marcarão essas reportagens. Elas falarão sobre “uma forma diferente de amar”, sobre a necessidade de romper “os velhos tabus”, sobre o dever de deixar o indivíduo “ser quem ele realmente é”, sobre o importante papel do pedófilo em ajudar a criança a encontrar sua “verdadeira identidade”. Falarão sobre a virtude de aceitar e de respeitar quem é “diferente” e até sobre o direito que a criança tem de “fazer o que quiser com seu corpo”, inclusive, caso opte por isso, manter relações com um adulto.

A essa altura será exibida uma novela (Ah, as novelas! Como esquecer esse recurso tão eficaz na condução das manadas?). Nessa novela haverá um personagem (Não o principal. Ainda não!) que lutará com o amor puro, sincero e ardente que nutre por uma criança de dez anos, derramando lágrimas em seu quarto solitário (sempre com um belo fundo musical) e sonhando com seu amor impossível. Nesses sonhos ele se verá próximo da criança, mas acordará pouco antes de tocá-la. Afinal de contas, é preciso acostumar aos poucos a mente do telespectador com essas coisas. Ademais, esse recurso de interromper a cena também faz com que o telespectador comece a torcer para que logo “role” alguma coisa entre o marmanjo e a garotinha (ou o garotinho), abandonando um pouco, pelo menos durante a novela, os seus conceitos de certo e errado.

A partir daí, tudo acontecerá mais depressa. Políticos se levantarão em defesa dos pedófilos, denunciando nossa sociedade “hipócrita”. Jovens, dispostos a romper com qualquer padrão ético, vão se inflamar em seus discursos contra o “moralismo opressor”, sempre estimulados por alguns professores e outras pessoas mais velhas. Na fase final desse processo satânico, pastores vão se apresentar abertamente como pedófilos e dirão sorrindo, parafraseando o evangelho: “Deixai vir a mim as criancinhas”. Igrejas, enfim, abraçarão a causa dos que “amam os pequeninos” e se orgulharão disso, dizendo que Deus é amor e que todo tipo de amor vem de Deus.

Pronto. Profetizei! Alguém acha que tenho alguma chance de acertar? Pra ser franco, eu sou tentado a alterar a pergunta e dizer: Será que alguém acha que tenho alguma chance de errar? O fato é que não há profecia alguma aqui. O que foi descrito brevemente é apenas o processo que sempre foi adotado com sucesso no trabalho de banalização do pecado. E esse processo será posto em marcha em favor da pedofilia. De fato, sem querer assustar, há fortes indícios de que isso tudo já foi posto em marcha. Vamos esperar (não muito) pra ver.

Pr. Marcos Granconato

Soli Deo gloria

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