Quinta, 25 de Abril de 2024
   
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O Pessoal do 'Deixa Disso'

Pastoral

O último artigo que escrevi para o boletim da IBR foi uma crítica ao pastor da Água Branca que publicou um texto com ideias elogiadas pelos espíritas. Meu artigo causou um verdadeiro rebuliço na Internet. Alguns blogs o publicaram, muitas pessoas o repassaram por meio de suas malas-diretas e a discussão pegou fogo! Como era de se esperar, teve gente que aprovou o que eu escrevi; outras pessoas ficaram muito bravas e partiram para o ataque.

No vaivém das mensagens, um argumento específico dos que se opuseram ao meu texto foi que nós, os crentes, não devemos nos envolver em “discussões inúteis”, debatendo diferentes pontos de vista. Em vez disso, disseram, temos de nos preocupar em trabalhar pelo Reino, pregando Cristo aos perdidos e deixando de lado as eventuais formas conflitantes de pensamento.

De início, esse argumento parece muito piedoso. Faz a gente imaginar o rosto e a voz de quem o pronuncia totalmente afetado pelas marcas da docilidade e da brandura, refletindo profundo amor pela paz, pela união e pelo bem do evangelho. Quase dá vontade de chorar! No entanto, se colocarmos esse discurso sob as lentes das Escrituras (como sempre devemos fazer), veremos que ele é errado e perigoso, pois censura o dever de correção e admoestação dado aos guardiões da santíssima fé.

Com efeito, a Bíblia está repleta de provas de que os homens de Deus incluíram em seu ministério a tarefa de atacar a mentira, visando à promoção da Sã Doutrina e a correção do comportamento. Todos os profetas do Antigo Testamento fizeram isso e com os santos do Novo não foi diferente. Frise-se que esse combate ao erro não era dirigido somente aos falsos mestres de fora da igreja, mas também àqueles que, nos arraiais do povo de Deus, diziam ou faziam coisas contrárias ao que o Senhor havia revelado.

Foi assim que Paulo censurou alguns mestres da igreja de Corinto que diziam não haver ressurreição (1Co 15.12); chamou de ministros do diabo os falsos apóstolos que haviam se infiltrado nas igrejas daquela mesma cidade (2Co 11.13-15); opôs-se a alguns doutores que pertenciam às igrejas da Galácia quando eles começaram a ensinar um outro evangelho, marcado pelo legalismo (Gl 5.11-12); e pôs para correr um tal de Himeneu que havia abandonado a pregação apostólica junto com dois outros picaretas: Alexandre e Fileto (1Tm 1.19-20; 2Tm 2.17-18).

Tiago também se insurgiu contra pessoas da igreja quando algumas delas começaram a ensinar uma forma de fé dissociada do bom proceder (Tg 2.20). João fez o mesmo em sua terceira epístola, censurando um líder eclesiástico chamado Diótrefes que se opunha ao ensino e às admoestações do velho discípulo de Jesus (3Jo 9,10). Finalmente, no Apocalipse, o próprio Senhor elogia o trabalho do pastor de Éfeso por ele ter provado publicamente que alguns mestres que se diziam cristãos eram crápulas mentirosos (Ap 2.2).

Todos esses exemplos mostram que o trabalho de atacar o erro cometido, inclusive por pessoas de dentro da igreja, é tarefa proveitosa, louvável e, muitas vezes, necessária. Em nada essa tarefa perturba o serviço do Reino. Na verdade, ela compõe esse serviço, sendo uma das facetas mais importantes e nobres do ministério cristão.

A irmã Norma Braga resumiu isso de forma muito inteligente. Numa das mensagens enviadas ao blog da Editora Fiel, que também publicou o meu artigo, ela escreveu o seguinte: “...esse pessoal do “deixa disso” certamente se horrorizaria com a pregação nada “light” de João Batista, passaria a mão na cabeça de Pedro quando Paulo o repreendeu duramente sobre os judeus, ficaria com peninha dos fariseus nas diversas vezes em que Jesus os insultou (de víboras e hipócritas!)… A eles, um conselho: substituam o amorrrrrrrrr politicamente correto pelo amor bíblico, que passa, sim, pela repreensão na Palavra.”

Marcos Granconato
Soli Deo gloria
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