Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Corrupção

Pastoral

O Brasil inteiro está assustado com a corrupção. Não que ela seja uma novidade para nós. É claro que não. Não somos tão ingênuos assim. O que assusta o povo brasileiro é o grau e a amplitude da corrupção. Em nosso país, vemos que ela é como uma chaga que afetou o corpo inteiro. Não há uma só parte que não tenha sido atingida. E isso numa dimensão assustadora. Quando ouvimos falar de suborno, não pensamos mais em algumas notas dentro de um envelope. Pensamos em bilhões. Isso mesmo... bilhōes! Algo que o mundo nunca viu em sua história!

Segundo vejo, a corrupção é especialmente grave porque é assassina. Por causa dela famílias inteiras morrem em estradas que deviam ser mais seguras, mas não são porque houve “desvio de verba”. Por causa da corrupção milhares de pessoas sofrem amargamente e morrem nos corredores de hospitais abandonados. Por causa da corrupção não há vacinas para a população que enfrenta graves epidemias e vê seus queridos sofrendo e morrendo como vítimas de doenças terríveis. Aliás, é por causa da corrupção que as epidemias perduram, pois não há investimento pesado no combate a elas. Tudo vai para o bolso de meia dúzia de ladrões que têm, assim, as mãos sujas de sangue inocente.

Sim, o corrupto é um malfeitor perverso; um canalha que prejudica gravemente milhares de pessoas enquanto mantém na boca seu discurso hipócrita e seu sorrizinho cínico. Olhe para uma criança com microcefalia, pense na vida que ela terá de levar sendo uma pessoa limitada, observe a angústia e a luta agora perene de seus pais e considere que, se você olhar para trás, numa sequência de causas ininterruptas, no início de toda essa desgraça verá a mão de um corrupto que tomou para si os recursos que seriam usados no combate àquela doença.

Por isso, não devemos ver o corrupto apenas como um pilantra safado. Ele é um assassino, um genocida frio privado de qualquer sentimento de culpa, um torturador a distância, alguém que torna a vida de milhões de pessoas um inferno, fazendo com que haja desemprego em níveis jamais vistos, carestias, aumento da criminalidade, péssima segurança pública, baixa qualidade de ensino, ruas esburacadas... Podemos ter certeza de que a corrupção é a causa onipresente de todos os males que torturam o nosso povo, desde a falta de iluminação em um poste da rua até a proliferação das favelas.

O que pensar disso tudo à luz da Bíblia? Bem, em primeiro lugar temos de entender que a corrupção não é um problema cultural como dizem por aí. É claro que ela está engendrada na cultura do nosso povo. Mas a corrupção é, basicamente, um problema espiritual. Olhe para Isaías. Esse profeta que viveu no século 8 a.C. denunciou a corrupção política de Israel, condenando, inclusive, a venda de sentenças judiciais (Is 1.23). Isaías fazia isso não como um “reformador social urbano”, como afirmam os teólogos de esquerda, mas sim como um defensor das prescrições da aliança. Ele sabia que no cerne dos problemas sociais de Israel estava o abandono da lei de Deus. Por isso, ele não se importava a priori com “reformas sociais”, mas sim com uma conversão nacional — o retorno à obediência a Javé.

Quando lemos o capítulo 1 de Isaías, ficamos impressionados com a semelhança que há entre a realidade suja do seu tempo e a realidade brasileira atual. Então percebemos que a corrupção é sim um “problema cultural”, mas que esse problema afetou nossa cultura por causa da falta do temor do Senhor e do descaso diante da Palavra de Deus.

Com efeito, somos uma nação de ateus zombadores. Nossas crianças, sem jamais terem ouvido um versículo bíblico sequer, xingam os mais velhos com palavrões e, muito cedo, se enchem de malícia. Nossos jovens levam vidas ocas, nutrindo os vícios que aprenderam com seus pais e correndo atrás de futilidades. Se ouvem algo sobre o evangelho, escarnecem. Se são advertidos, tapam os ouvidos. O coração dos nossos jovens é novo, mas já se enrijeceu. Eles vivem vidas sujas, não se importam com isso, não escutam ninguém e, nisso tudo, muitas vezes contam com o incentivo dos familiares.

Considerem ainda nossas famílias. Há desrespeito, brigas, mentiras, separações... Tudo isso porque as verdades da Palavra são desprezadas. Ora, Isaías mostra que, quando isso acontece com um povo, o que se pode esperar é o aumento da injustiça e o caos social e político, manifesto inclusive na corrupção. Na raiz da “Lava Jato” está o desprezo por Deus.

Isso nos leva a uma segunda consideração. Se a raiz do problema da corrupção é o desvio espiritual, então a única solução para esse problema é o arrependimento, o voltar-se para Deus, andando nos seus caminhos. É o que diz Isaías: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal” (Is 1.16). Sei que isso está muito longe de acontecer com nossos políticos e com nosso povo. Sei que isso está longe de acontecer com nosso mundo. Por isso, sei que a corrupção assassina vai continuar no Brasil e em todo o planeta. Em nosso caso, talvez haja alguma redução temporária em face das punições mais frequentes, mas o fim da corrupção sem o temor do Senhor é um mito que merece somente o nosso riso. De fato, acreditar que a corrupção vai acabar quando houver mais educação e maior noção de cidadania é o mesmo que dizer que o incêndio de um prédio vai se extinguir se as pessoas começarem a cuspir nele. Uma grande bobagem!

A verdade é que o fim de todo esse chiqueiro só ocorrerá com a vinda gloriosa do Rei da Justiça. Enquanto ele não vem, oremos por nossa pátria amada — a “mãe gentil” que engorda devorando a carne dos seus filhos.

Pr. Marcos Granconato
Força e Fé
Soli Deo gloria

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