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Provérbios 19.12

  

Provérbios 19.12

“A ira do rei é como o rugido do leão, mas a sua bondade é como o orvalho sobre a relva” (Pv 19.12 NVI). 

Agostinho de Hipona, em sua monumental obra A Cidade de Deus (livro 4, capítulo 4), toma de empréstimo uma história que Cícero contava na qual Alexandre o Grande, comandante do império grego, capturou um pirata. Então, passando-lhe uma reprimenda, disse: “Como você ousa saquear o mar?”. O pirata, em tom muito petulante, respondeu com outra pergunta: “Como você ousa saquear toda a terra?”. Como se não bastasse, prosseguiu: “Porque eu faço isso com um pequeno navio, sou chamado de pirata. Já você, que o faz com uma grande frota, é chamado de imperador”. Palavras corajosas, mas insensatas. Provocar a ira de um rei é o mesmo que pedir para ser morto. Infelizmente, Agostinho não conta o que aconteceu com esse homem de palavras afiadas, mas não acho que podemos imaginar que tenha saído ileso.

A verdade é que “a ira do rei é como o rugido do leão”. Hoje em dia, leões só podem ser vistos em zoológicos ou em programas de televisão que mostrem os animais em plena savana — seu hábitat natural. Mas, nos dias de Salomão, eles podiam ser vistos pelos caminhos, razão pela qual eram muito temidos e pela qual também havia vítimas fatais de seus ataques, a exemplo do homem de Deus que pregou a Jeroboão em Betel (1Rs 13.24). Assim, o que Salomão quer produzir em seus leitores é o receio de provocar a ira de um rei, já que ele, como um leão, tem poder para ser letal. Por outro lado, também afirma, a respeito do mesmo rei, que “sua bondade é como o orvalho sobre a relva”. Para ovelhas, comer uma grama molhada pelo sereno era semelhante a nós comermos um pudim muito gostoso. Isso quer dizer que o agrado do rei produz bons efeitos na vida das pessoas que o agradam, trazendo-lhes felicidade.

A lição é dupla. Em primeiro lugar, os reis, ou as pessoas que exercem poder sobre outras, devem saber que suas ações sobre seus comandados surtem efeitos poderosos e impactantes. Eles podem causar benefícios que alteram a vida de seus subordinados para melhor, mas também podem causar destruições imensuráveis, incompatíveis com um pequeno desagrado. Devem ter, portanto, cuidado com o modo de tratar as pessoas abaixo de si. Em segundo lugar, os comandados devem ter tato suficiente — sem falar de humildade e sabedoria — para não provocar aqueles que têm poder de prejudicá-los, como um funcionário sem freios na língua que é demitido por seu patrão, trazendo sofrimento para si e para sua família. O homem não é valorizado somente pelas coisas que fala, mas também pelas coisas que deixa de falar. Para quem é ovelha, quanto melhor é se deparar com uma relva molhada em vez de um leão feroz!

Pr. Thomas Tronco

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