Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Por que Estudar Escatologia?

Pastoral

algumas semanas, o Pr. Marcos Granconato deu início a uma série de sermões sobre escatologia como sequência natural da exposição do evangelho de Mateus. Até aqui já deu para perceber que esse é um tema complexo e requer bastante análise e tempo de estudo.

Porém, há muita gente que consideraria tal prática uma enorme perda de tempo. Diriam que não importa ao cristão saber o que irá acontecer, dizendo que, inevitavelmente, acontecerá a ele tudo que Deus lhe reservou, tendo o crente conhecimento prévio ou não. E que o ensino escatológico, além de inútil para a igreja, age ainda como um malefício ao dividi-la em pré-milenistas, amilenistas, pós-milenistas, pré-tribulacionistas, mid-tribulacionistas, pós-tribulacionistas, dispensacionalistas, aliancistas e todos os “istas” que os teólogos propõem. Para esses críticos, a igreja jamais deveria gastar um sermão que seja para tratar do tema.

De fato, há muita divergência teológica nesse campo e até discussões acaloradas que não edificam o corpo de Cristo. Mesmo assim, os críticos do estudo escatológico estão errados. A escatologia é muito útil à igreja. E não digo apenas no campo da teologia e da doutrina bíblica, mas no campo da vida prática diária. Exemplo disso é a afirmação de C. S. Lewis sobre a operosidade dos que põem sua esperança nos eventos que hão de vir: “Se consultarmos a história, veremos que os cristãos que mais fizeram por este mundo foram justamente os que mais pensaram no outro mundo. [...] Desde que os cristãos pararam de pensar na outra vida é que começaram a falhar nesta” (Cristianismo puro e simples, editora ABU, p. 76).

De modo curioso, podemos citar quatro benefícios da escatologia na vida prática do cristão, todos eles iniciados com a letra C — poderíamos citar cinco, caso acrescentássemos o fator intelectual do conhecimento. De qualquer modo, no dia a dia do cristão, o conhecimento dos acontecimentos futuros produz vários frutos.

O primeiro benefício do estudo escatológico é o consolo. A vida cristã, diferente do que dizem os triunfalistas, é cheia de aflições (Jo 16.33). Em meio a elas, é comum o cristão desanimar e achar que não é capaz de suportar suas agruras. Nessas horas, a lembrança do futuro dá a dimensão correta do sofrimento presente: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.17). Não somente nas dificuldades diárias, mas também no luto, o cristão encontra consolo ao lembrar que irá reencontrar crentes que já partiram, pelo que Paulo, depois de explicar como se dará o arrebatamento da igreja e o encontro nos ares de crentes mortos e vivos, completa: “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.18).

O segundo benefício é a correção. Assim como qualquer outra doutrina, os escritos de apóstolos e profetas sobre o futuro têm um caráter de repreensão do erro e de promoção do crescimento pessoal, assim como toda a Bíblia: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16,17). Quando o apóstolo diz “toda a Escritura”, as informações escatológicas estão incluídas. Se isso não fosse verdade, além de a Bíblia oferecer aqui uma afirmação que seria falsa, haveria uma quantidade muito grande de papel inútil, já que os escritores bíblicos insistiram em escrever páginas e mais páginas sobre os acontecimentos dos últimos dias. A grande quantidade de material bíblico sobre o assunto fala por si só a respeito da importância e praticidade do tema.

O terceiro é a coragem. Nas situações mais difíceis, os cristãos sempre costumaram focalizar seu futuro ao lado de Deus. Boa parte dos mártires deve ter dado seu último suspiro pensando no encontro com o Senhor. Exemplo disso é o do apóstolo Paulo que, diante do risco iminente de ser condenado à morte em Roma, diz aos filipenses que considerava a morte um “lucro” (Fp 1.21). Vê-se isso de modo mais contundente em sua última carta, quando sabia de seu fim iminente: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.6-8). Olhar para a morte dessa maneira exige que o homem seja desequilibrado ou corajoso, e Paulo, longe de ser desequilibrado, deixou claro que sua coragem estava na certeza do seu futuro e dos acontecimentos escatológicos representados na expressão “naquele Dia”.

O último benefício é o compromisso. De modo surpreendente, a escatologia é uma ferramenta útil até mesmo no campo da obediência e da santificação. O apóstolo João, depois de mencionar a realidade futura da nossa condição semelhante à de Jesus, aplica tal conhecimento à purificação presente: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1Jo 3.2,3). Com isso, ele ensina que o cristão, sabendo quem será, deve lutar para manter uma vida presente condigna com seu futuro.

Por isso, nosso desejo é que o Pr. Marcos continue sua exposição de Mateus 24 e que gaste nisso todo o tempo que for preciso, para que, ao final, possa nos preencher de benefícios tão fundamentais para a nossa vida diária como servos do Senhor Jesus Cristo!

Pr. Thomas Tronco

 

 

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