Sexta, 19 de Abril de 2024
   
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Como ‘Preparar o Coração’ para o Culto?

Pastoral

Em nossa igreja, temos por hábito iniciar os cultos dominicais com o prelúdio — uma breve música introdutória à abertura do culto pelo dirigente. Em nosso contexto, optamos pelo piano solo e nossos músicos cuidadosamente escolhem melodias que favorecem à introspecção e ao alívio da agitação mental e física que carregamos da rua para o local de adoração.

Há, porém, algo mais sublime durante esses momentos iniciais; algo que vai além dos efeitos naturais que mencionei. Ocorre que, enquanto ouvem a música, os irmãos são incentivados a “preparar o coração” para o culto. Ademais, também é frequente ouvirmos o dirigente, logo na primeira oração, pedir a Deus que o coração de cada adorador esteja preparado para receber a Palavra de Deus.

Será que essa prática tão simples, o preparar-se para cultuar, tem algum valor ou mesmo algum tipo de respaldo bíblico? Pessoalmente, creio que sim. Considere-se, por exemplo, a vida de Esdras, o sacerdote-escriba que liderou a segunda leva de judeus que retornou do cativeiro babilônico (c. 458 a.C.).

Conhecendo os escritos do profeta Jeremias, Esdras certamente sabia que o estado natural do coração é de “flacidez espiritual” (“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” — Jr 17.9), sendo preciso firmá-lo (no hebraico, hēkîn leḇāḇ, “firmar o coração”) no intuito não só de aprender, mas também de cumprir e ensinar a Palavra de Deus. Esdras percebeu isso. É o que diz o texto das Escrituras: “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Ed 7.10).

Assim, se tivermos a consciência de que o “tônus espiritual” do coração precisa ser diligentemente mudado, inclusive para que recebamos a Palavra de Deus, é provável que supliquemos isso ao Senhor antes de cultuá-lo e, afinal, digamos, como Esdras: “A mão do Senhor esteve sobre mim” (Ed 7.29).

Quanto àqueles que ensinam a Palavra de Deus, sejam professores, evangelistas ou pastores, o preparo do coração é imprescindível para essas tarefas, como se vê no mesmo texto de Esdras. De fato, ninguém deve aproximar-se do púlpito se as mãos de Deus não estiverem sobre ele. Se o fizer, as Escrituras revelam o resultado.

Em 2Crônicas lê-se que o rei Roboão optou por “firmar” o seu poder em vez de seu coração: “O rei Roboão firmou-se no poder em Jerusalém e continuou a reinar. [...] Ele agiu mal porque não dispôs o seu coração para buscar o Senhor” (2Cr 12.13,14). Os efeitos disso foram terríveis, chegando a afetar negativamente toda a nação de Israel.

Vê-se, assim, a grande importância de se “preparar o coração” para buscar ao Senhor, para conhecê-lo e para servi-lo. E uma pequena “pitada” dessa disposição interior, um pequeno exercício dessa preparação solene, talvez possa ser colocada em prática no simples gesto de orar durante os minutos abrangidos por um prelúdio tocado no início do culto.

É claro que um tempo tão curto assim não será suficiente para “firmar” um coração “flácido” na busca do Senhor ao longo de toda a vida. Todavia, para o cristão que diariamente “firma” o seu coração na busca das Escrituras e da vontade de Deus, é bem provável que dois minutos de oração na hora do prelúdio sejam mais do que suficientes para prepará-lo para adorar a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.14).

Ev. Leandro Boer


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