Sexta, 29 de Março de 2024
   
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A Epístola aos Colossenses - Aspectos Introdutórios

 

A CIDADE

Colossos ficava no vale do Rio Lico, na parte meridional da antiga Frígia, onde hoje é a Turquia. Erguia-se junto a longa estrada que ia de Éfeso ao Eufrates. Hoje desabitada, Colossos teve seus dias de glória nos tempos do Império Grego. Heródoto (c. 485-420 a.C.) se referiu a ela como uma grande cidade, e Xenofonte a descreveu como “uma cidade populosa, tanto rica quanto grande” (430-355 a.C).

A importância comercial de Colossos tinha sido, portanto, notável e sua causa fora uma forte indústria têxtil. Porém, nos tempos do Império Romano iniciou-se o declínio, de um lado por causa da expansão de cidades vizinhas como Laodicéia e Hierápolis (4.13), de outro, devido a prováveis destruições causadas por terremotos, a partir de 60 A.D.

Nos dias de Paulo, a decadência social e comercial de Colossos mostrava que os tempos de grandeza tinham ficado definitivamente para trás. Aliás, é possível que a igreja colossense estivesse na cidade menos importante dentre todas para as quais o Apóstolo enviou suas cartas.

Quanto à população, era formada por frígios e gregos. Judeus também tinham chegado àquela região no século II a.C. Essa variedade populacional favoreceu a mistura de diferentes religiões e culturas, criando uma atmosfera de sincretismo que teve reflexos na vida da igreja.

 

A IGREJA

A igreja de Colossos foi fundada ao tempo da Terceira Viagem Missionária de Paulo (At 18.23-21.17). O Livro de Atos narra que durante esse empreendimento missionário, o Apóstolo se fixou em Éfeso por dois anos e três meses de forma que, a partir dali, o evangelho se espalhou “por toda a província da Ásia” (At 19.8-10; 20.31). Ora, a cidade de Colossos distava cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso, sendo muito provável, portanto, que a mensagem cristã tenha chegado ali entre os anos 53 e 56 A.D., graças a esse impacto de Paulo sobre toda a região.

Em Colossos viveu Filemom e seu escravo Onésimo (4.9 cf. Fm 10). Porém, a figura de maior importância na fundação da igreja ali foi Epafras (1.7-8), um homem piedoso que se destacou por seu amor pelos crentes daquela cidade e das circunvizinhas (4.12-13). Paulo sequer conhecia pessoalmente a maioria dos colossenses (2.1), mas quando estava preso em Roma, ouviu de Epafras, talvez prisioneiro com ele (Fm 23), acerca de um falso ensino religioso que ameaçava aquela igreja, dando ensejo a que escrevesse sua carta.

 

A CARTA

Colossenses foi escrita por Paulo durante o período de sua prisão domiciliar em Roma (At 28.30), por volta de 61 A.D.,[1] ou seja, num tempo em que a igreja devia ter mais ou menos seis anos de existência. É provável que Tíquico tenha sido o mensageiro que a levou aos seus destinatários (4.7).

A epístola deixa transparecer quais eram os desvios religiosos que estavam se infiltrando na igreja. Parece que se tratava de uma mistura do velho judaísmo com o gnosticismo nascente. De fato, em 2.8 Paulo se refere a uma falsa filosofia, certamente uma forma embrionária de gnosticismo que defendia uma forte antítese entre o mundo material e o espiritual e cujos proponentes se jactavam de ter conhecimentos secretos (2.2-4). O cerimonialismo e o ascetismo estavam presentes como resultado da fusão dos ensinos judaicos com a falsa filosofia (2.11, 16-17, 21-23; 3.11).

A visão gnóstica propunha a existência de inúmeras emanações de Deus que eram como os raios que emanam do sol. Essas emanações ou éões eram consideradas entidades espirituais, isto é, eram tidas como anjos que deviam ser venerados (2.18). Cristo era visto apenas como mais uma dessas emanações, um anjo entre muitos outros.[2] Naturalmente, esse ensino depreciava a pessoa do Salvador, o que motivou Paulo a ressaltar sua supremacia (1.15-20; 2.2-3, 9), conferindo à carta o propósito não só de refutar a filosofia mentirosa mostrando sua inutilidade, mas também promover devoção exclusiva a Cristo como perfeito e suficiente cabeça da igreja.

Pr. Marcos Granconato



[1] Outras cartas escritas por Paulo durante esse período foram Efésios, Filipenses e Filemom. A Segunda Carta a Timóteo também foi escrita em uma prisão em Roma, mas somente alguns anos depois, por volta de 67 A.D., quando Paulo se encontrava no Cárcere Mamertino, pouco antes de ser executado sob as ordens de Nero. 

[2] O autor de Hebreus, por volta do ano 68, combateu frontalmente essa doutrina logo nos dois primeiros capítulos de sua carta (Hb 1.5 – 2.18).

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