Sexta, 19 de Abril de 2024
   
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‘Bang with Friends’: A Face Feia do Facebook

Pastoral

Muita gente critica o Facebook. Dizem que toma tempo demais das pessoas que ficam horas bisbilhotando a vida alheia ou conversando sobre futilidades. Dizem também que é um campo onde ocorre a banalização da arte de escrever. Aliás, peça para um adolescente viciado em Facebook compor uma redação qualquer. Nem num baile funk você vai encontrar um português pior! Dizem ainda que o "Face" é uma porta aberta para pessoas mal-intencionadas que podem usar as informações obtidas ali para praticar todo tipo de safadeza.

Tudo isso é verdade, mas nenhum cristão até agora atinou para outra encrenca que, em muitos casos, é subproduto dessas coisas que alistei. Refiro-me ao crescimento do número de problemas dentro da igreja. Com efeito, depois que inventaram o Facebook, meu trabalho pastoral aumentou. E aumentou muito. É um problema atrás do outro. Num dia tenho de lidar com o caso de um jovem que postou fotos indecentes em sua página; noutro tenho de apaziguar um marido ciumento que flagrou a esposa conversando na rede com um velho amigo. Passa uma semana e lá estou eu entre o fogo cruzado de dois irmãos que estão em pé de guerra porque um deles excluiu o outro da sua lista de contatos. Mais uma semana e me vejo admoestando um jovem que usou linguagem de baixo nível nas suas conversas virtuais ou começou uma amizade perigosa com um incrédulo qualquer. Isso sem falar nas justas reclamações dos pastores de jovens e adolescentes que desanimam ao ver a turminha no maior bate-papo virtual durante os estudos bíblicos ministrados na igreja, tudo com o suporte financeiro dos pais!

Depois de ver tanta coisa ruim, proibi o Facebook de entrar em minha casa. Sei que as redes sociais têm um lado positivo; que podem ser uma ferramenta boa para evangelizar e ensinar (e a nossa igreja usa o Facebook para isso), mas na minha casa resolvi radicalizar. Ali Facebook não entra. Talvez um dia isso mude, mas enquanto eu estiver traumatizado, a barreira vai permanecer.

Pra dizer a verdade, pelo modo como as coisas andam, acho que essa barreira vai continuar por muito tempo, pois, até onde posso prever, os problemas a serem resolvidos em meu gabinete vão aumentar. Quem acompanha as novidades do mundo das redes sociais sabe por quê. Há algumas semanas, entrou no ar um aplicativo de Facebook que incentiva o sexo entre os usuários. É o Bang With Friends (em português, Faça sexo com seus amigos) que funciona assim: o usuário escolhe em sua lista de amigos do Facebook algumas pessoas com quem gostaria de manter relações sexuais. Então, um e-mail é enviado aos escolhidos se houver reciprocidade na seleção. Assim o assunto segue adiante para acerto de maiores detalhes. O e-mail só é enviado se ambos se escolherem no segredo de seus cliques. Uma pessoa apenas selecionando uma outra não gera o envio do e-mail. É por isso que o aplicativo faz sucesso: você só é identificado como “adúltero” quando o outro também está culpado de “adultério”. Isso diminui a exposição à vergonha, pois eles se apoiam um no outro. Simples assim.

Em poucos dias o Bang With Friends teve a adesão de mais de 400 mil pessoas. Espera-se que milhões baixem o aplicativo. Diante disso, já posso imaginar os "rolos" que vão surgir no meu gabinete. O simples download do aplicativo vai ser suficiente pra gerar encrenca, pois quem o baixar já vai mostrar por onde passeia sua mente e quais sonhos abriga no coração. Por isso, cedo ou tarde, os crentes-problema que tiverem esse aplicativo em seu computador ou smartphone terão de ser admoestados firmemente pelo pastor chatão aqui.

E acreditem: vai ter crente baixando esse lixo sim. Isso vai acontecer porque está fora de questão que algumas pessoas ficam mais ousadas quando estão usando o Facebook. A solidão do período de acesso faz com que se sintam mais à vontade e digam coisas ou tenham atitudes que jamais teriam coragem de dizer ou fazer diante de outras pessoas. Essa frouxidão, estimulada por um falso senso de segurança ("Ninguém mais está me vendo") curiosamente existe até mesmo no usuário consciente de que seus amigos têm pleno acesso aos seus movimentos na rede. Por isso, já posso prever os escorregões daqueles crentes cabeça-dura que teimam em brincar em campos minados e acham emocionante passear na beira de abismos.

O Bang with Friends é só mais uma criação daquele tipo de gente de que fala a Bíblia — os “inventores de males” (Rm 1.30). Essa gente cara-de-pau não se cansa de maquinar o que não presta. Como a Bíblia nos adverte sobre pessoas assim, a gente nem se surpreende mais. O que surpreende mesmo é ver cristãos professos se enveredando por caminhos desprezíveis, clicando aqui e ali sem nenhum recato e estabelecendo conexões que tornam sua vida cristã mais oca do que a cabeça de um fã da Xuxa.

Bom, meu gabinete continua aberto e em pleno funcionamento. Vamos esperar pra ver o que vem por aí. De minha parte, continuarei corrigindo aqueles crentes que, no uso do Facebook, parecem ter perdido a vergonha. É... Vou ensiná-los de novo a ter vergonha na "Face".

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

 

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