Sexta, 19 de Abril de 2024
   
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O Jovem Adolf Hitler

Pastoral

Já faz algum tempo, ganhei de minha esposa um livro que talvez seja a biografia mais completa de Adolf Hitler. O título é simplesmente Hitler, de Ian Kershaw, publicado pela Companhia das Letras.

Lendo essa obra, percebi que a história acerca da adolescência e da juventude do ditador é muito interessante. Porém, quem espera encontrar na leitura um garoto que torturava coelhos fofinhos ou um jovem delinquente que espancava velhinhos e xingava os pais com feios palavrões ficará surpreso. Hitler não fazia nada disso. Na verdade, em comparação com muitos moços que a gente conhece hoje, ele foi até um “cara legal”. Pintava quadros, desenhava gravuras, apreciava arquitetura, discutia política, honrava os pais, reprovava todo tipo de promiscuidade sexual, não bebia nada alcoólico, não fumava e tinha como único luxo ir à ópera, especialmente para assistir a Wagner, seu compositor favorito.

Não que Hitler não tivesse aqueles defeitos próprios da mocidade. Ele os tinha... E muitos! Um desses defeitos era o exacerbado senso de grandeza. Como dizem os jovens de hoje, Adolf “se achava”.  Ele acreditava piamente ser o máximo — o artista fabuloso que o mundo um dia iria descobrir (uma de suas maiores frustrações foi ser considerado como inapto pela Academia de Belas Artes de Viena), o detentor de todas as soluções para os problemas do seu tempo, o jovem inteligente e talentoso destinado a viver em palácios. Ele também era ciumento em relação aos poucos amigos que tinha (aliás, pelo menos um deles era judeu!), irava-se facilmente quando contrariado, era teimoso e impaciente. Tomado de orgulho, o jovem Hitler também não hesitava em mentir para esconder seus fracassos.

Como acontece com grande parte da rapaziada de hoje, o pior defeito de Adolf Hitler era a preguiça. Em sua mocidade, o futuro ditador zombava de quem trabalhava para viver. Ele passava os dias no ócio, perambulando pelas praças, fazendo seus desenhos, lendo bobagens ou compartilhando sonhos de grandeza com os amigos. Como não trabalhava, Hitler torrou toda a herança deixada por sua mãe. Por isso, quando tinha vinte anos de idade, sem emprego e sem renda, teve de mendigar por alguns meses nas ruas de Viena, por onde vagou sem rumo, magro, sujo, com os pés feridos e os cabelos cheios de piolho.

Olhando para essa figura tão comum, sem nada de especial, até medíocre sob vários aspectos, os historiadores ficam perplexos, perguntando-se como alguém assim foi capaz de abalar o mundo, influenciando uma nação moderna, avançada e culta como a Alemanha, ao ponto de mergulhá-la tão depressa na mais absurda barbárie, convencendo-a a aprovar ideias e práticas brutais que culminaram numa guerra sangrenta e no maior genocídio que a história já viu.

A resposta a essa questão é simples. A Bíblia a fornece ao pintar o quadro da natureza pecaminosa que foi incutida na humanidade desde a Queda. Jesus falou do que essa natureza má, presente em cada indivíduo, é capaz (Mc 7.20-23) e Adolf Hitler mostrou o quanto Cristo estava certo. De fato, Hitler, com todos os traços de uma “pessoa normal”, revelou do que nós, também “pessoas normais”, somos capazes. Também com suas habilidades de persuasão, ele deu provas do imenso universo de atrocidades que qualquer um pode praticar, desde que sua “carne” seja habilmente estimulada.

O terrível ditador mostrou, assim, que basta alguém apertar os botões certos e pronto... uma dócil dona de casa, um respeitável pai de família, um talentoso e bem humorado universitário se transformam em assassinos frios, capazes de matar crianças, moços e velhos indefesos sem sequer franzir a testa.

Há, pois, no homem, um oceano de maldade latente, contido por fatores externos (como as leis) e internos (como a consciência). Se esses fatores forem habilmente manipulados ou mesmo removidos, indivíduos comuns (e nações altamente desenvolvidas!) serão transformados em monstros cruéis, inescrupulosos e sem afeição natural.

De acordo com a Bíblia, somente a conversão a Cristo pode nos proteger do domínio vil desse mal que habita em nós. Sim, pois ao crer em Cristo, o homem se torna templo do Espírito Santo que então o capacita a neutralizar o poder da natureza pecaminosa e o habilita a viver em santidade (Gl 5.19-24). A partir daí, o oposto da degradação é o que ocorre. Em vez de jovens sonhadores virarem algozes assassinos, como aconteceu com Hitler, são os algozes assassinos que se transformam em apóstolos do amor, como ocorreu com Paulo. É isso o que a Bíblia diz. É isso o que a história mostra.

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

 

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