Quinta, 28 de Março de 2024
   
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Benignidade e Bondade: Qual a Diferença?

Pastoral

Frequentemente, recebo pela Internet indagações acerca da diferença entre conceitos semelhantes na Bíblia, como “conhecimento e sabedoria”, “onipotência e soberania”, ou “predestinação e presciência”. Uma dúvida comum é a respeito dos termos “benignidade e bondade” no texto de Gálatas 5.22-23, que fala do “fruto do Espírito”. Como as palavras são sinônimas, tanto em português como em grego, cria-se certa dúvida natural, visto ser muito improvável que Paulo tenha se repetido inutilmente numa lista como essa.

Assim sendo, parece haver um consenso entre vários comentaristas de que o significado bíblico de benignidade seja algo parecido com amabilidade, ternura, consideração e respeito, tudo isso voltado ao relacionamento com o próximo. Tal virtude se desenvolve no trato com as pessoas, considerando-as valiosas e dignas de um relacionamento cuidadoso. E esse cuidado não visa a não nos machucarmos, mas a não machucar os outros.

A benignidade quebra a tensão dos relacionamentos, pois procura o bem-estar do próximo importando-se com seus sentimentos e dores. Mesmo quando é preciso corrigir alguém, a pessoa benigna o faz com todo o tato possível a fim de recuperar ao invés de simplesmente ferir. Se você não sabe se é ou não uma pessoa benigna, basta observar se as pessoas ao seu redor se sentem bem e à vontade perto de você, sentindo-se livres para expressar suas opiniões e acontecimentos cotidianos. Jesus é o melhor exemplo que podemos encontrar na Bíblia em se tratando de benignidade. As multidões eram atraídas pela amabilidade com que tratava elas, enquanto as crianças — melhores juízes de uma pessoa benigna — corriam para ele.

A grande dificuldade é acharmos que, ao agir assim, perdemos nossa firmeza e somos fracos. A verdade é o extremo oposto. Quando minha filha era apenas um bebê e eu, um grande pai-coruja, sentia-me muito mais seguro em deixar que pessoas fortes a segurassem. A pessoa fraca não consegue dosar o esforço quando segura algo pesado e pode ter um trato bem rude. Alguém forte é capaz de, com delicadeza, dispensar os cuidados necessários a um bebê tão frágil, justamente por empregar a força necessária. Do mesmo modo, é preciso grande força de caráter, dada pelo Espírito Santo, para que o crente seja benigno, amável, respeitoso e cuidadoso com os outros.

Quanto à bondade, trata-se da sequência da benignidade, porém de forma mais ativa. Ela traz a ideia de fazer o bem, sendo generoso. Enquanto a benignidade se preocupa com o bem-estar das pessoas e, por isso, trata-as com delicadeza, não reagindo mal a elas, a bondade trabalha ativamente pelo bem alheio. Alguém bondoso não apenas deseja o bem, mas luta para que isso aconteça, mesmo que haja um custo, seja na forma de recursos financeiros, esforço, tempo ou outras coisas que nos sejam caras. É impressionante quanta necessidade as pessoas têm. Não falo só da necessidade de dinheiro, mas também de atenção, apoio, valorização, comunhão, amizade e cuidados de todos os tipos. A bondade nos move a deixar um pouco de lado os interesses pessoais a fim de buscar os interesses dos outros.

Desse modo, a bondade nos persuade a dividir o pouco que temos e ajudar outras pessoas de qualquer forma que nos for possível. Quantas pessoas, por exemplo, são impossibilitadas de realizar algumas tarefas manuais que nós poderíamos fazer? Quantos irmãos necessitam de orientação, consolo e amizade? Quantos precisam saber que não estão sós? É claro que, para atender tais necessidades, tenho de utilizar um tempo que eu pretendia gastar em meu próprio benefício e nem sempre isso é agradável, mas é o Espírito Santo, o promotor desse “fruto”, quem nos move a abrir mão do nosso interesse pelo do irmão.

Algumas pessoas só precisam de alguma atenção. Sempre me impressiono com algumas visitas que, vez por outra, faço. Certa vez fui com minha esposa à casa de uma senhora que morava sozinha, mulher extremamente simples. Não levamos qualquer presente a ela, nem alguma boa notícia ou uma grande mensagem espiritual. Apenas nos sentamos no banco de madeira da sua cozinha, tomamos um copo de refrigerante quente e a ouvimos falar — apesar de eu só ter entendido a menor parte do que ela disse. Depois, visitamos seu quintal, admiramos as plantas, despedimo-nos e fomos embora após uma oração. Ela não teve nenhum lucro prático com nossa visita. Mas depois eu soube que o tempo que passamos com ela foi como um grande presente, uma pérola para uma pessoa solitária.

Uma característica da verdadeira bondade é que ela não espera ser chamada a efeito, mas procura ocasião de entrar em ação. Procura saber o que faria os outros felizes, quais suas necessidades e, assim, parte em frente. Jesus, nosso bondoso redentor, não apenas desejou nos salvar, mas se fez carne, foi um servo, sofreu e morreu para o nosso bem. Para ser bondoso é preciso pagar por tal privilégio e só o Espírito de Deus pode nos mover a tão grande altruísmo em um mundo totalmente egoísta.

Diante disso, as perguntas que precisamos fazer a nós mesmos são: “Tenho sido benigno e bondoso? Sou amável com as pessoas? Valorizo realmente meus irmãos? Trabalho ativamente pelo bem deles? O fruto do Espírito é real em minha vida?”.

Pr. Thomas Tronco

 

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