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A Inconsistência Científica da Pluralidade das Existências de Allan Kardec

 

Não é incomum a doutrina espírita ser acusada de racismo. Há inúmeros textos na Internet em que céticos, ateus ou membros de outros grupos religiosos acusam os proponentes do kardecismo de crime de racismo. Até mesmo os adeptos do kardecismo buscam seus doutrinadores para melhor entender a argumentação de Allan Kardec em relação à “pluralidade das existências”.

Em contrapartida, as organizações espíritas se defendem enfaticamente contra essas acusações por meio de de fóruns de discussão e de veiculação de dossiês da doutrina espírita que procuram provar que, de forma alguma, discriminam, destratam ou desrespeitam seres humanos de outras etnias, especialmente os afrodescendentes, um grande componente da miscigenação brasileira. [1]

Esse texto visa a um melhor entendimento dessas acusações e concentra sua discussão sobre a proposta de equalização humana por intermédio do alegado fenômeno conhecido como “reencarnação”. Visto que o fenômeno da reencarnação per si não pode ser adequadamente estudado cientificamente, usaremos as mesmas evidências objetivas e observáveis apontadas por Allan Kardec das quais inferiu a “veracidade” e “indispensabilidade” da reencarnação no processo de evolução humana.

Visto que a doutrina do kardecismo se define sob o tríplice fundamento “ciência, filosofia e religião” [2] e seu fundador, Allan Kardec, recorreu à ciência para inferir a “veracidade” de suas proposições, faremos o mesmo: usaremos o mesmo material argumentativo – a ciência – para análise crítica de suas ideias.

Em primeiro lugar, analisemos se a acusação de racismo contra a doutrina espírita é procedente. Para tanto, necessitamos conhecer a lei que define o crime de racismo. Segundo a nova redação dada pela Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, Art. 1º, “serão punidos, na forma desta lei os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Em suma, é necessário que um fato jurídico seja cometido levando ao impedimento de acesso, participação ou privação de um local, cargo ou vaga pela justificativa racial, de cor, étnica, religiosa ou de procedência nacional. Um bom exemplo pode ser encontrado no Art. 5º: “Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador” sob pena de reclusão de um a três anos.

De conformidade com a lei, a Federação Espírita Brasileira não promove o racismo, pois o acesso às suas dependências e participação em sessões espíritas em todo o Brasil estão abertos à população sem qualquer discriminação racial, de cor, étnica, religiosa ou de nacionalidade. Sua atividade filantrópica também se encontra em conformidade com a lei segundo o Decreto nº 2.536/98, de 6 de abril de 1998, Art. 3º, § 1º: “O certificado de Entidade de Fins Filantrópicos somente será fornecido à entidade cuja prestação de serviços gratuitos seja permanente e sem qualquer discriminação de clientela, de acordo com o plano de trabalho de assistência social apresentado e aprovado pelo CNAS”. [2]

Ademais, o próprio Allan Kardec, por meio da publicação Revista espírita, de 1861, condena a prática do racismo: “(...) possam nossos irmãos futuros se lembrarem deste dia memorável em que os espíritas lioneses, dando o exemplo de união e de concórdia, colocaram, nesses novos banquetes os primeiros passos da aliança que existir entre os espíritas de todos os países do mundo; porque o espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essas anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje (...)”. [4]

Entretanto, se, juridicamente, não há qualquer prova de que o kardecismo promova o racismo, por que tantas acusações?

Iniciemos, portanto, a apresentação dos excertos espíritas de Allan Kardec dos quais emanam as acusações de racismo. Todavia, não discutiremos se há ou não racismo em seus escritos (pois já vimos acima que não existe incitação para cometimento de fatos jurídicos ilícitos), mas se há ou não falácia científica que inviabilize a justificativa da doutrina da reencarnação.

Vejamos o primeiro excerto retirado do livro A gênese, de Allan Kardec, de janeiro de 1868. O realce em amarelo mostra que há nítida diferença entre as “raças” humanas, sendo que umas são mais inteligentes do que outras. Demonstra, também, que os “selvagens” (alusão aos descendentes africanos) e os chineses são “raças” menos inteligentes e, portanto, menos avançados que os europeus civilizados. Mas, como podemos perceber pelo realce em verde, Allan Kardec não incita o leitor ao racismo, mas o adverte a tratar seus “irmãos” menos evoluídos com respeito, pois são seres humanos que ainda chegarão ao seu nível de evolução, se o ponto de referência for um europeu civilizado, por exemplo. Aliás, como podemos perceber pelo texto de Kardec da Revista espírita (1861), “os estúpidos preconceitos de cor” apenas surgem quando somamos o conhecimento desse “real desequilíbrio racial” ao “orgulho”. [4]

 

 Outro excerto do livro O que é o espiritismo, de Allan Kardec, de 1859, aprofunda a discussão a respeito dos chineses do primeiro excerto. Nesse trecho, defende-se que um chinês que progrediu suficientemente não reencarnaria como um chinês, pois precisa ser alçado a uma encarnação entre um povo mais avançado. Ou seja, tão logo um chinês atingisse um nível satisfatório de progresso, ele não voltaria (reencarnaria) em seu povo atrasado, mas gozaria de uma encarnação em uma sociedade civilizada, como a europeia. Postula-se, portanto, que o avanço de uma nação provém da encarnação e da progressão acumulada de experiências prévias.

 

A mais famosa obra espírita em nosso meio é a primeira publicação dessa doutrina: Livro dos espíritos, escrito por Allan Kardec em 1857. Esse livro também explica o raciocínio espírita a respeito dos “selvagens”, ou seja, os descendentes africanos. Vemos, claramente, que os africanos foram privados dos “privilégios da raça caucásica” (realce em amarelo) e que, mesmo que sejam educados nas escolas europeias desde o seu nascimento, não terão a menor chance de se tornar proeminentes cientistas caucásicos como Pierre Simon Laplace ou Isaac Newton. Aliás, o autor, além de alegar que há diferenças intelectuais intransponíveis pela educação científica regular, atribui esse hermético sistema de castas intelectuais à “justiça de Deus” (realce em verde).

 

O livro A gênese cerceia ainda mais o potencial que um “selvagem” possui para executar obras dignas de “suspiros caucásicos”, como uma estátua de Fídias (célebre escultor da Grécia antiga – 490-430 a.C.).  Nota-se, abaixo, que uma obra humana não poderia provir de uma região habitada exclusivamente por selvagens, pois a inteligência de seus habitantes é incapaz de levá-los à criação à altura dos europeus civilizados.

 

Ainda no mesmo livro, Allan Kardec postula que o efeito da atividade intelectual pode modificar o envoltório orgânico, melhorando os corpos, geração após geração, promovendo uma nova espécie que, gradativamente, se afastaria do “tipo primitivo”. Todavia, harmonizando-se ao ensino evolucionista e partindo-se do pressuposto de que não existem transições bruscas na natureza (realce em rosa), o autor defende que nos dias de hoje ainda haveria pessoas muitíssimo semelhantes aos primatas e, por conseguinte, menos evoluídas intelecto e moralmente em relação aos europeus civilizados.

  

Diante dos textos acima, prolíficos apologetas espíritas, como Paulo da Silva Neto Sobrinho (articulista do Jornal Espírita, de O semeador e da revista Espiritismo & Ciência), propõem que, “quer goste ou não, existem pessoas mais inteligentes que outras, povos mais inteligentes que outros e raças mais inteligentes que outras, mas isso não quer dizer, como bem coloca Kardec, que isso será por toda a eternidade, pois o espírito, ao reencarnar, irá renascer nas mais evoluídas, num progresso sem fim, até a perfeição possível a um ser humano. Veja bem, se disséssemos que existe raça negra, não estaremos diante de uma afirmativa racista, é uma constatação do que a natureza produziu, em última instância Deus”. [5]

Em relação à doutrina da reencarnação, o apologeta defende que “o que Kardec diz é exatamente o contrário (...). Kardec demonstra claramente em seus esclarecimentos que certas diferenças existentes entre seres humanos não podem ser explicadas senão através da reencarnação. Único sistema em que todos os seres são iguais e recebem o mesmo tratamento por parte de Deus”. [5]

Expostos os principais textos sob análise, façamos a discussão dos dados a começar pela defesa mais completa (do apologeta espírita Paulo Neto) que encontrei contra a acusação de racismo (do apologeta católico Orlando Fedeli). [5,6]

É imprescindível ressaltar que a discriminação interindividual no último texto (ponto 16), do livro A gênese, não se refere à distinção genotípica, mas à distinção fenotípica. Ademais, o texto diz de maneira explícita que os “selvagens” (ou afrodescendentes) assemelham-se aos macacos ao passo que o homem caucásico distanciou-se desse estágio primitivo como um “ramo, que, por sua vez, se tornou tronco”.

Sobre esse trecho, encontramos a seguinte explicação apologética espírita de Paulo Neto [5]: “Quanto à questão de mal se distinguir dos macacos, devemos informar que na Academia Nacional de Ciências dos EUA, Goodman e sua equipe compararam 97 genes de humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e outros macacos e descobriram que o grau de semelhança, nas regiões do DNA analisadas, é de 99,4% entre seres humanos e chimpanzés. Daí poder se afirmar que realmente a raça humana pouco difere da dos “macacos”. Por mais que isso venha a ferir o orgulho de alguns, essa é a realidade insofismável”.

Ainda que pervertêssemos a intenção autoral em relação à comparação fenotípica para a genotípica, o argumento usado acima não cumpre o seu propósito, pois o texto diz explicitamente que há diferenças entre as duas “raças”: a caucásica e a negróide. O texto utilizado pelo apologeta espírita para contra-argumentação, no entanto, não defende essa ideia (diferença entre as “raças”), mas diz que o ser humano – independentemente de sua raça – não se distingue tanto do macaco.

Aliás, o avançar das tecnologias, aliado à metodologia científica, minam cada vez mais o argumento de que os homens são muito parecidos com os primatas geneticamente. Os dados utilizados na justificativa espírita residem em estudos que utilizaram uma ínfima quantidade do código genético (“97 genes”) entre os seres humanos e os primatas avaliados. Hoje, sabe-se que o antigo argumento de que o DNA humano possui mais de 98% de similaridade com os primatas está equivocado [7]. Os métodos utilizados não perfizeram a avaliação qualitativa pormenorizada entre os genomas e ainda desconsideraram o “junk DNA” (DNA inútil) que, recentemente, foi descoberto não ser “inútil”, mas completamente necessário à vida humana [8]. Visto que temos a sequência genômica humana decodificada, os estudos de similaridade genética prosperaram, se multiplicaram e corroboram a tendência encontrada no estudo de Britten RJ, de 2002 [7]. No mesmo ano, 2002, um estudo publicado na revista Science avaliou 77.461 sequências de cromossomo artificial bacteriano de chimpanzés comparados ao sequenciamento genético humano. Demonstrou-se grande incompatibilidade entre os dois genomas. Os autores encontraram similaridade em apenas 48,6% da sequência de nucleotídeos. Apenas 4,8% do cromossomo humano Y teve similaridade em relação à sequência dos chimpanzés. Das 77.461 sequências genéticas de chimpanzé, 36.940 não puderam ser mapeadas (“matching”) no genoma humano. Aproximadamente 15 mil sequências que não obtiveram similaridade (“matching”) em relação ao genoma humano foram especuladas pelos autores como uma “correspondência a regiões humanas não sequenciadas ou são de regiões de chimpanzés que divergiram substancialmente dos humanos ou que simplesmente não possuem similaridade por razões desconhecidas” [9].

O argumento da homologia genética carece de evidências científicas e está em declínio. Visto que o código do DNA é feito com base na sequência de quatro tipos de base – A (adenina), G (guanina), C (citosina) e T (tiamina) –, existem apenas quatro possibilidades de base para cada posição da sequência linear do DNA. Logo, duas sequências de DNA de espécies diferentes que não possuem qualquer potencial ancestral em comum serão, matematicamente, similares na taxa de 1:4 bases, quando comparadas. Ou seja, tomando-se aleatoriamente duas sequências de DNA de espécies não relacionadas, elas serão 25% idênticas. Consequentemente, uma sequência aleatória do DNA humano comparada a qualquer sequência de outra espécie de nosso planeta será, pelo menos, 25% idêntica. [10]

Ademais, o genoma de um pequeno “verme” (vide figura do nematelminto abaixo) chamado Caenorhabditis elegans foi sequenciado como um estudo tangencial ao projeto do genoma humano. Das sequências protéicas analisadas, pelo menos 83% do proteoma dessa espécie possui genes humanos homólogos. [11]

 

 Tradução da legenda: Pharynx (Faringe), Gut (intestino), Gonad (gônada), Eggs (ovos), Vulva (vulva).

Quanto às “raças”, como podemos ver abaixo, as diferenças “raciais” existentes entre dois seres humanos – caucasóide e negróide – são de apenas 0,012%. As diferenças inter ou intrarraciais também são iguais: 0,2%. Logo, a diferença entre Isaac Newton e Pierre Laplace contém, ironicamente, os mesmos 0,2% que existem entre Albert Einstein e Barack Obama.  Enfim, o conceito de que existem significativas diferenças genéticas entre as “raças” foi desmentido e, além disso, tanto um ser humano caucasóide como um negróide estão largamente distanciados dos primatas pelo critério da homologia genética. [12]

 

Traduação da legenda: No big difference (Nenhuma grande diferença), 0,2% difference between any two people (0,2% de diferença entre duas pessoas qualquer), “racial” characteristics difference (diferenças das características raciais).

Retomemos à crítica dos outros textos que utilizam as aparentes diferenças da intelectualidade das “raças” para inferências reencarnacionistas, visto ser nítido que Allan Kardec vincula a reencarnação à capacidade intelectual dos povos. Essa parte do artigo visa à demonstração das grandes imprecisões que o doutrinador espírita cometeu nesse quesito. Todavia, antes que nos debrucemos nas evidências, faz-se necessário dizer que o conceito de inteligência, embora muito utilizado, carece de uma definição exaustiva, pois suas nuances parecem extrapolar os testes de avaliação da inteligência humana desenvolvidos. Logo, cientistas do mundo todo medem um conceito que não está completamente definido. É, portanto, esperado que muitas dúvidas surjam a respeito das interpretações dos dados, principalmente quando se referem às “raças” humanas.

Destarte, para uma leitura imparcial, avaliaremos as proposições espíritas sob os dois prismas existentes: a) as nuances da coleta dos dados de inteligência não comprometem a acurácia dos “testes de Q.I. (quociente de inteligência)”; b) as nuances da inteligência comprometem a acurácia dos “testes de Q.I.”.

Comecemos com a primeira proposição científica: as nuances da inteligência não comprometem a acurácia dos “testes de Q.I.”. Em 2008, uma revisão dos estudos de inteligência nas diversas “raças” foi publicada. Essa revisão, que coletou informações de estudos do desempenho intelectual nos testes de Q.I., abrangeu, inclusive, um pequeno estudo que avaliou o Q.I. de crianças de várias etnias adotadas por famílias caucasóides de classe média. Os autores concluíram que há diferença estatística de Q.I. entre as etnias. Segundo os autores, as pessoas do Leste da Ásia obtiveram o maior escore (106 pontos) seguidos pelos caucasóides (100 pontos), afrodescendentes dos Estados Unidos (85 pontos) e africanos da região subsaariana (70 pontos). Essas diferenças foram esquematizadas pelos autores no mapa abaixo. [13]

 

Tradução da legenda: Approximate IQ (Q.I. aproximado), World IQ map of indigenous populations (Mapa mundial do Q.I. de populações originárias de seus territórios).

Considerando o artigo acima, o equívoco de Allan Kardec é evidenciado pela expressiva performance dos asiáticos, como os chineses. Faz-se necessário recordar que o autor espírita classifica o europeu civilizado com o melhor desempenho intelectual, cultural e tecnológico ao passo que os chineses e os africanos foram privados dos “privilégios da raça caucásica”. Contrariamente ao que Kardec disse, o artigo demonstra que o desempenho chinês sobrepuja a europeia. Ademais, o mapa acima mostra os EUA, a nação que detém o maior poderio militar e tecnológico do mundo, com Q.I. médio abaixo do europeu. Como se sabe, o fluxo migratório de várias etnias para os EUA foi significativo e, embora haja grande quantidade de afrodescendentes nos EUA, o país cresceu de modo vertiginoso, em pouco tempo, econômica, militar, tecnológica e culturalmente.

Podemos perceber pela história dos povos que, mesmo que haja alguma diferença entre os estudos populacionais de Q.I., essas diferenças não parecem definir se uma nação prosperará nos mais diversos aspectos necessários à sociedade.

Para entendermos como a capacidade intelectual não promove uma sociedade mais avançada, recorramos à pesquisa feita pelo grupo The economist: The economist intelligence unit´s quality-of-life index [14]. Esse estudo avaliou a situação da qualidade de vida de 111 países e territórios no ano de 2005. O índice utilizado está baseado em nove critérios que demonstram a prosperidade e avanço de uma sociedade: 1) Expectativa de vida; 2) Vida familiar (taxa de divórcio); 3) Vida comunitária (quantidade de igrejas ou sindicatos); 4) Renda per capita; 5) Estabilidade política e segurança; 6) Clima e geografia; 7) Segurança de emprego (taxa de desemprego); 8) Liberdade política; 9) Igualdade entre os sexos.

Os resultados, quando analisados à luz do desempenho intelectual médio da população, demonstram expressivas discordâncias que não nos permitem dizer que a capacidade intelectual necessariamente faz um povo mais avançado que outro. Notemos, por exemplo, a China: é o país com uma dos melhores desempenhos intelectuais (média de 106 pontos de Q.I.), mas ocupa o 60º lugar no ranking. Cingapura, um país com maioria da população de origem chinesa (74,2%), ocupa o honroso 11º lugar, catorze posições à frente da caucásica França de Allan Kardec. Dando mais nitidez às divergências, Ghana, um país africano da região subsaariana, ocupa dez posições acima da caucásica Rússia. [14]

 

Allan Kardec nasceu no mesmo ano em que teve início o império napoleônico (1804). Havia completado dezessete anos quando Napoleão Bonaparte morreu no exílio (1821). Respirou a hegemonia francesa no mundo da época até mesmo depois da morte do imperador, pois ainda que a Grã-Bretanha e a Rússia tivessem assumido a liderança mundial, a França se manteve como a segunda maior potência econômica no Ocidente e uma das primeiras em poder militar terrestre. Em relação ao aspecto cultural, manteve-se como a mais influente entre todas as nações. [15,16]

Paralelamente, o que acontecia com a África e com a China no século 19? Em 1884, acontecia a partilha oficial da África (Conferência de Berlim) entre as nações europeias, sendo que a França abocanhou um dos maiores quinhões. A China estava em franco declínio de sua monarquia: vários conflitos sociais, estagnação da economia (o tesouro chinês quebrou por duas vezes), opressão sob intensa influência e ingerência ocidentais, guerras (“Guerra do Ópio”) e duas grandes fomes que assolaram o país. Em 1900, o país repleto de chineses viciados em ópio chegou à exorbitante estatística de 50% da população adulta viciada na droga. [17]

Agora, tomemos a “raça” negra que, segundo Allan Kardec, está desprovida dos “privilégios da raça caucásica”. Como o mundo poderia se esquecer de que dessa “raça menos capaz” vieram descobertas e invenções criativas que nem cogitamos pensar em viver sem? A título de curiosidade e para minar ainda mais o julgamento de Kardec, foi a “raça” negra (cientistas e inventores negros) quem nos presenteou com: o elevador (Alexander Miles), a fornalha de aquecimento (Alice Parker), os artefatos para cuidar do cabelo (C. J. Walker), o primeiro banco de sangue do mundo com o método de preservação do sangue (Charles Drew), a primeira cirurgia aberta do coração (Daniel Hale Williams), o bonde elétrico (Elbert R. Robinson), a compreensão da fertilização celular levando ao melhor entendimento de como trabalham as células (Ernest E. Just), o ar condicionado (Frederick Jones), o semáforo e a primeira máscara contra gases (Garret A. Morgan), a secadora de roupas (George T. Samon), o apontador de lápis (John Love), a caneta-tinteiro (William Purvis), os métodos de cultivo que salvaram a economia do Sul dos Estados Unidos na década de 1920 (George Washington Carver), o transmissor do telefone que revolucionou a qualidade e distância que poderia viajar o som (Granville T. Woods), a máquina de colocar solas nos sapatos (Jan E. Matzelinger), a geladeira (John Standard), o sistema de supercarga para os motores de combustão interna (Joseph Gammel), a máquina de datilografar (Lee Burridge), o filamento de dentro da lâmpada elétrica (Lewis Howard Latimer), o primeiro reator nuclear na década de 1930 (Lloyd Quaterman), a pá de lixo (Lloyd P. Ray), a escova para pentear cabelos femininos (Lydia O. Newman), o sistema de lubrificação para máquinas a vapor (McCoy), dispositivo laser para cirurgias de catarata (Patrícia E. Bath), o computador mais rápido do mundo, com 3,1 bilhões de cálculos por segundo (Philip Emeagwali), o desenvolvimento do tratamento do Mal de Alzheimer e do glaucoma (Percy L. Julian), a caixa de correio (Philip Downing), a mudança automática de marchas (Richard Spikes), os pneumáticos de malha de arame para o robô da Apolo 15 (Roberto E. Shurney), a tábua de passar roupas (Sarah Boone), o esfregão para limpar o chão (Thomas W. Stewart), a prensa de impressão avançada (W.A. Lovette), a máquina de cortar grama (John Burr), as máquinas de carimbo e cancelamento postal (William Berry) e o primeiro manual médico sobre sífilis (William Hinton). [18]

E por que não adicionar à lista acima o nome de Machado de Assis, o “imortal” escritor afrodescendente brasileiro mais lido no mundo entre os nomes de outros brasileiros? Segundo o projeto Conexões realizado pelo Itaú Cultural, coordenado por Claudiney Ferreira, em que a literatura brasileira foi mapeada no exterior, Machado de Assis encabeça a lista dos autores brasileiros mais lidos no mundo. [19]

Usando a linguagem matemática, Allan Kardec descreveu uma “função” para explicar a progressão das sociedades e a “pluralidade das existências” com as variáveis “raça” e “inteligência”. Todavia, a história e a ciência, imputando os seus dados nessa função, demonstraram que o doutrinador estava completamente equivocado. Allan Kardec parece ter descrito apenas a geopolítica de seu tempo e inferiu, equivocadamente, a ideia de que a reencarnação, “raças” e inteligência harmonizavam-se sob a “justiça de Deus”.

Todavia, ainda nos falta avaliar a segunda maneira de vermos os estudos sobre a capacidade intelectual dos povos: as nuances da coleta dos dados de inteligência comprometem a acurácia dos “testes de Q.I.”.

Recentemente, em 2010, uma grande revisão sistemática dos dados obtidos de testes de Q.I. de coortes de 81 países, durante o século 20, foram analisados sob uma perspectiva inédita: o grau de alfabetização (literacy skills). Uma cuidadosa avaliação crítica sobre o grau de alfabetização dos participantes dos testes em relação que pudesse comprometer o entendimento do teste foi realizada correlacionando-se os dados aos resultados do teste de Q.I. Os resultados estatísticos demonstraram que a qualidade de alfabetização se correlaciona significativamente com os resultados dos testes de Q.I., independentemente do tempo, nacionalidade ou “raça” do participante. [20]

Inclusive, os ganhos de inteligência ao longo dos tempos (aproximadamente três pontos/década), conhecidos como “efeito Flynn” (postulado em 2007), foram identificados e se correlacionaram significativamente à qualidade de alfabetização, embora não possa ser explicado unicamente por ela. Os maiores incrementos de pontos de Q.I. foram obtidos na porção abaixo da metade da distribuição (percentil 50) ao passo que incrementos menos expressivos foram obtidos na porção acima da metade da distribuição. [20]

A correlação entre o grau de alfabetização se deu de tal forma que, quando essa variável atingia um platô ou declínio, os pontos de Q.I. também atingiam um platô ou declínio. Os autores ressaltam que alguns estudos envolvendo testes aplicados no ambiente militar americano (The armed forces qualification test) obtiveram tamanha correlação que era possível prever o desempenho nos testes de Q.I. com base nos dados de alfabetização prévia. [20]

Os gráficos abaixo ilustram a correlação entre o grau de alfabetização e os índices de Q.I.

 

Tradução da legenda: Média de Q.I. em relação aos valores reportados de alfabetização de uma população de americanos-europeus caucásicos dos EUA. Os dados de alfabetização foram obtidos do National Center for Education Statistics (1993) da tendência histórica de analfabetismo nos EUA. Esse conjunto de dados fornece a porcentagem de catorze pessoas com catorze anos de idade e mais velhas que são analfabetas (incapazes de ler ou escrever em qualquer língua) por raça e nacionalidade: 1870 a 1979. Os valores dos testes de Q.I. dos americanos caucásicos para o período de 1932 a 1978 foram retirados da tabela 7 de Flynn (1987).

 

Tradução da legenda: Média de Q.I. em relação ao grau de alfabetização de 81 países. Os dados de alfabetização foram obtidos do United Nations Human Development Report (2006). Os valores foram fornecidos pelos governos e organizações internacionais de estudos e análises estatísticas de grandes amostras. Os dados de Q.I. foram extraídos de Lynn e Vanhanen (2002). Apenas os 81 países desse conjunto de dados onde os valores de teste foram medidos, não estimados, foram incluídos.

Como podemos perceber, as aparentes diferenças entre as “raças” fizeram com que os pensadores do século 19 concluíssem, equivocadamente, que realmente existiam diferenças entre o grau de inteligências dos povos. Allan Kardec não foi exceção: justificou a doutrina da reencarnação como instrumento lógico (e imprescindível) para o equilíbrio dessas diferenças vinculando-a à “justiça de Deus”.

Os resultados demonstram que a doutrina da reencarnação de maneira alguma é “imprescindível” para explicar as diferenças “raciais”. Quando analisamos criticamente os estudos sobre a inteligência entre as nações, percebe-se que as “raças” detêm o mesmo desempenho intelectual. Claramente, essas constatações científicas minam a lógica da distribuição do grau de desenvolvimento das sociedades, pois, apenas após um século da divulgação dessa doutrina, o cenário geopolítico já demonstra que a lógica espírita não se comprovou.

Entretanto, o que as Escrituras Sagradas – a Bíblia – têm a nos dizer sobre o mesmo assunto? Estariam as Escrituras harmonizadas com as descobertas científicas sobre a distribuição da inteligência global e suas complexas nuances?

Sim, com certeza! Além disso, as Escrituras, que são inerrantes e infalíveis, fazem constatações firmes e acertadas sobre os assuntos que foram abordados nesse artigo. Para melhor entendimento da inerrância das Escrituras, disporemos os ensinos bíblicos em tópicos seguidos dos textos que os respaldam.

A. “Raças” são povos descendentes do primeiro casal que Deus criou: Adão e Eva. Toda a humanidade descende desse casal e as diferenças entre esses povos são apenas fenotípicas. Todo homem tem a mesma corrupção da carne, é feito do mesmo “barro”, independentemente da “raça” a que pertencem.

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra" (Gn 1.27,28).

Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará" (Gn 3.19).

Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez (Mc 7.21,22).

O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? (Rm 9.21).

B. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Ele criou o primeiro casal dotado de inteligência e todos os seus descendentes também são dotados de inteligência, até mesmo entre os descendentes que se rebelaram contra Deus, como se nota na descendência de Caim.

O nome do irmão dele era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá também deu à luz um filho, Tubalcaim, que fabricava todo tipo de ferramentas de bronze e ferro. Tubalcaim teve uma irmã chamada Naamá (Gn 4.21,22).

C. Há pessoas com maior capacidade intelectual que outras e isso não fere a justiça de Deus, pois ele os fez assim. Ademais, eventuais incapacidades do ser humano não fugiram à soberania de Deus.

Disse, porém, Moisés ao Senhor: "Ó Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem no passado nem agora que falaste a teu servo. Não consigo falar bem!" Disse-lhe o Senhor: "Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor? Agora, pois, vá; eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer" (Ex 4.10-12).

D. A diferença entre as capacidades intelectuais das pessoas não reside na diferença “racial”, mas na dispensação divina individual de acordo com a sua vontade. Aliás, não devemos, de forma alguma, nos orgulharmos da inteligência que Deus nos concedeu, pois é fruto da sua graça.

É graças à inteligência que você tem que o falcão alça vôo e estende as asas rumo sul? (Jó 39.26).

Não digam, pois, em seu coração: "A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza". Mas, lembrem-se do Senhor, do seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê (Dt 8.17,18).

A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência. E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos (Dn 1.17).

Deus deu a Salomão sabedoria, discernimento extraordinário e uma abrangência de conhecimento tão imensurável quanto a areia do mar. A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os homens do oriente, bem como de toda a sabedoria do Egito (1Rs 4.29,30).

E. As pessoas não se tornam mentalmente mais capazes por meio de reencarnações, pois Deus determinou que os homens teriam apenas uma morte orgânica seguida do juízo.

Lembrou-se de que eram meros mortais, brisa passageira que não retorna (Sl 78.39).

Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam (Hb 9.27,28).

F. As pessoas não se tornam mentalmente mais capazes por meio de reencarnações, pois a dispensação da inteligência é realizada por Deus durante sua única vida e as apresentações da inteligência se dão em várias modalidades.

Disse então o Senhor a Moisés: "Eu escolhi a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, dando-lhes destreza, habilidade e plena capacidade artística para desenhar e executar trabalhos em ouro, prata e bronze, para talhar e esculpir pedras, para entalhar madeira e executar todo tipo de obra artesanal. Além disso, designei Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, para auxiliá-lo. Também capacitei a todos os artesãos para que executem tudo o que lhe ordenei (Ex 31.1-6).

A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo de obra como artesãos, projetistas, bordadores de linho fino e de fios de tecido azul, roxo e vermelho, e como tecelões. Eram capazes para projetar e executar qualquer trabalho artesanal" (Ex 35.35).

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo (Ef 4.11-13).

G. A capacidade intelectual nunca foi um pré-requisito de maior progressão para a salvação da alma. Pelo contrário, muitos menos capazes mentalmente foram salvos pela fé em Jesus Cristo. Desde que os homens tenham a fé genuína em Jesus Cristo não há espaço para qualquer pretensa diferença racial, socioeconômica ou de gênero. Além disso, nossa perfeição não se dará por nossos esforços por intermédio de sucessivas reencarnações, mas pela ressurreição e atuação de Deus somente.

Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento (1Co 1.26).

Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus (Gl 3.28).

Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos (Cl 3.11).

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.19).

Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).

CONCLUSÃO

Jesus Cristo é a Verdade e ele autenticou a inerrância das Escrituras. Vemos, claramente, que o cristianismo dispõe de ensinamentos completamente contrários às doutrinas espíritas. O espiritismo não é uma forma diferente de cristianismo. Pelo contrário, deturpou os ensinos de Jesus Cristo.

Os ensinos espíritas abordados nesse artigo sucumbiram ao tempo e às observações científicas. Logo, a adequação de sua cosmovisão por um sistema equivocado não é apenas uma escolha religiosa. É, portanto, uma escolha que prioriza a escolha religiosa em detrimento da lógica e das evidências científicas.

A única distinção racial que as Escrituras fazem não se dá no plano material, mas espiritual. Os eleitos de Deus constituem sua “raça eleita”. Cristãos das mais diversas “raças” são, depois da salvação de Jesus Cristo, uma única “raça” – a “raça eleita”. Em contrapartida, se não houver o arrependimento genuíno e a entrega de sua vida ao Senhor Jesus, a sua “raça” permanecerá juntamente com todas as outras dispersas em nosso planeta. Mas elas terão algo em comum a despeito de suas características fenotípicas: serão, um dia, condenadas ao suplício eterno.

Leandro Boer

 

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