Quinta, 25 de Abril de 2024
   
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Onde Mora a Dona Justiça?

Pastoral

A Dona Justiça é uma daquelas visitantes que, quando toca a campainha, já corremos à porta para atender com um sorriso no rosto. Como é gostoso tomar um cafezinho com ela e ouvir seus bons conselhos! O problema, porém, é que essa senhora está sempre “de passagem”. No auge da visita, estala os lábios e, procurando seu casaco, diz: “O papo está muito bom, mas é hora de ir...”. Ainda que insistamos para que essa querida amiga fique mais um pouco, ela afirma que precisa tomar seu rumo. Imediatamente após a sua saída, já ansiamos pelo momento em que ela baterá de novo à nossa porta.

No desejo de estar sempre próximos a ela, podemos nos perguntar: “Onde a Dona Justiça mora?”. Afinal, se soubéssemos seu CEP, poderíamos tê-la por vizinha, sempre desfrutando de suas decisões sábias e de sua companhia agradável.

Bem, talvez ela more nos tribunais de justiça de nosso país. Pois ali estão os responsáveis por fazer com que os vereditos da Dona Justiça sejam postos em prática por meio de julgamentos, sentenças e processos. Entretanto, os noticiários parecem mostrar que essa virtuosa senhora, na verdade, tem sido enfaticamente proibida de entrar em tais tribunais. Davi já denunciava um quadro semelhante aos juízes de seu tempo: “Falais verdadeiramente justiça, ó juízes? Julgais com retidão os filhos dos homens? Longe disso; antes, no íntimo engendrais iniquidades e distribuís na terra a violência de vossas mãos” (Sl 58.1-2).

Se a Dona Justiça não mora nos tribunais de nosso país, talvez possamos encontrá-la nas casas do poder Legislativo, não é mesmo? Afinal, é nessa instância que os homens escolhidos pelo povo devem legislar à luz das virtudes da Dona Justiça. Entretanto, está aí outro lugar do qual nossa grande amiga é enxotada. A crítica de Isaías nunca pareceu tão atual: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” (Is 10.1-2).

Nossa nobre amiga moraria, então, nos palácios do poder Executivo? Neles estão homens que, com planejamento e recursos, executam as tarefas que mais se aproximam do dia a dia do cidadão comum. Porém, mais uma vez, percebemos que a Dona Justiça passa longe desses lugares. A exemplo dos tempos anteriores ao digníssimo governador Neemias, amigo íntimo de Dona Justiça, vemos que nossos governantes também abusam de sua autoridade: “Os primeiros governadores, que foram antes de mim, oprimiram o povo e lhe tomaram pão e vinho, além de quarenta siclos de prata; até os seus moços dominavam sobre o povo...” (Ne 5.15).

Já cansados e frustrados na busca sem sucesso, somos, então, lembrados, pela Santa Palavra, de que a Dona Justiça não mora neste mundo, ainda que visite muitas casas amigas por aqui. O CEP definitivo de nossa querida companheira não é terreno. Ou melhor, não é desta terra. O texto de 2Pedro 3.13 explica: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”.

Ora, se a habitação da Dona Justiça está além do mundo que conhecemos, como ir até lá? Infelizmente, por enquanto, podemos apenas nos alegrar com as vezes em que ela nos visita. Como uma boa amiga que nunca nos deixa sem notícias, ela não deixa de se fazer presente, mesmo que nos pequenos detalhes. E isso nos deve encorajar diante da injustiça constante deste mundo: ladrões sendo soltos, imoralidades sendo aplaudidas e a verdade sendo abafada. De fato, isso nos lembra que o nosso CEP definitivo também não é daqui (Hb 13.14; 1Pe 2.11).

Eis a promessa: um dia toda a injustiça e a impiedade serão desfeitas pela ira de Deus (2Pe 3.10-11) e nós, servos de Cristo, estaremos para sempre no lar da Dona Justiça. Não a veremos de vez em quando, mas todos os dias da eternidade. Em sua porta, haverá sempre uma placa de “bem-vindo”, um cafezinho quentinho e um bom papo para colocar em dia. Ali, enfim, ela não será mais uma visitante, mas nossa eterna vizinha.

Pr. Níckolas Borges
Coram Deo

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