Sexta, 19 de Abril de 2024
   
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O Consolo Completo

Pastoral

Certa vez, quando eu ainda era adolescente, o pastor Marcos Granconato me chamou de surpresa para ir ao funeral do pai de outro adolescente da igreja. Com meu raso conhecimento bíblico e inexperiência em ocasiões como essa, ao longo de todo o caminho permaneci pensando em alguma palavra que servisse de consolo ao rapaz enlutado. Chegando à cerimônia fúnebre, minha única reação diante do desespero em que ele se encontrava foi abraçá-lo por um longo período sem, contudo, proferir sequer uma palavra.

Desde então, sempre que compareço a velórios presto detida atenção às conversas entre os familiares do falecido e aqueles que se achegam com o objetivo de apresentar, de alguma forma, consolo. “Vai ficar tudo bem”, “o tempo cura todas as feridas” e “não desanime” são exemplos de algumas tentativas de animar o semblante e o espírito dos abatidos. Com efeito, o luto pela morte de um ente querido é uma das experiências mais dolorosas que alguém pode sofrer e até mesmo o Senhor Jesus foi acometido por tristeza semelhante (Jo 11.33-36).

Um abraço ou a mera presença de irmãos podem oferecer consolo a alguém abatido pelo luto, mas a palavra parece causar o maior impacto na alma deprimida pela morte. Ao contrário daquele garoto, emudecido pela escassez de seu conhecimento bíblico, a Palavra de Deus nos agracia com três elementos hábeis em infundir consolo ao cristão.

O primeiro elemento que compõe o consolo eficaz é a verdade. Ninguém pode ser consolado pela mentira — essa conduta, aliás, é própria de Satanás (Jo 8.44). Em momentos de busca por respostas e alento para a alma, a mentira pode parecer sedutora, mas somente entorpece temporariamente o coração debilitado. A verdade, no entanto, tem efeito duradouro e é a única capaz de gerar resultados permanentes em quem a ela se apega em momentos de aflição (Sl 19.7; 119.16; 2Jo 1.2). A Bíblia é a âncora verdadeira que nos oferece segurança e força para momentos de angústia e quem nela está firmado pode passar pelo vale da sombra da morte sem se desesperar.

A esperança é o segundo elemento que integra o consolo verdadeiro. Apesar de frases como “ele está em um lugar melhor” ser outra típica declaração utilizada com fins de conferir conforto aos entes enlutados, nem sempre isso reflete a verdade — esta pode ser totalmente oposta ao que foi dito. Alguns, sabedores de que somente a esperança do reencontro é capaz de dispensar refrigério, preferem dizer que um dia veremos novamente aquele que se foi. De fato, a promessa de ressurreição dos mortos em Cristo, a glorificação dos crentes que estiverem vivos e o encontro com o Senhor nos céus são o único bálsamo apto a acalmar nosso coração entristecido (1Ts 4.13-18).

Contudo, os elementos acima não prestam auxílio algum quando o finado não conheceu a Cristo como Salvador. Isso porque, nesse caso, a verdade é que ele está no inferno e não há esperança de revê-lo, já que os crentes irão para outro lugar quando partirem desta vida (Lc 16.23-26). Assim, os salvos por Jesus Cristo contam com um terceiro elemento para integrar o verdadeiro consolo: a ação do Consolador. Quando, em prantos desesperados, nossa razão padece sem respostas, a presença do próprio Deus vem preencher o vazio de nossa desolação (2Co 1.3-4).

O Senhor Jesus, falando de sua partida (Jo 16.7), sem, todavia, deixar de prometer seu retorno (Jo 14.18), assegurou a presença do Espírito Santo a habitar nos crentes e promover neles consolo (Jo 14.16). Ele é chamado de Espírito da verdade (Jo 14.17) e ele mesmo testifica a nós as promessas de glória e ressurreição (Rm 8.16-17).

A fé no evangelho de Cristo é a única fonte de consolo diante da morte e somente sob o prisma dos elementos acima é que podemos afirmar que tudo vai ficar bem. Console seus irmãos enlutados (1Ts 4.18), mas evangelize os incrédulos na mesma condição (Lc 16.29).

Pr. Isaac Pereira


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