Esperança em Meio ao Sofrimento
Em circunstâncias adversas, é comum que as pessoas se sintam tristes e angustiadas. Isso faz parte do drama humano. O Senhor Jesus, já próximo da sua crucificação, deu mostras de sua humanidade fazendo declarações extremamente comoventes que demonstram sua dor e aflição, dizendo: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt 26.38) e, ainda: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” (Mt 27.46). É difícil mensurar a angústia do Salvador diante das situações dificílimas em que estava vivendo. Mesmo assim, é possível concluir que seu sofrimento foi terrível. Dietrich Bonhoeffer, um famoso teólogo alemão encarcerado pelo regime nazista, em abril de 1943, escreveu diversos textos durante sua prisão. Entre seus escritos, o poema Quem sou eu ganha destaque pela sinceridade com que relata seu sofrimento. Um dos trechos:
Sou mesmo o que os outros dizem a meu respeito?
Ou sou apenas o que eu sei a respeito de mim mesmo?
Inquieto, saudoso, doente, como um pássaro na gaiola,
respirando com dificuldade, como se me apertassem a garganta,
faminto de cores, de flores, do canto dos pássaros,
sedento de palavras boas, de proximidade humana,
tremendo de ira por causa da arbitrariedade e ofensa mesquinha,
irrequieto à espera de grandes coisas,
em angústia impotente pela sorte de amigos distantes,
cansado e vazio até para orar, para pensar, para criar,
desanimado e pronto para me despedir de tudo?
Em dias como os que estamos vivendo, em que uma crise mundial se descortina diante de nós, muitos irmãos se sentem fracos e preocupados, sem enxergar uma saída para a situação adversa em que estão. Contudo, por mais complexa que seja sua condição, é necessário recordar que o Senhor reina soberano sobre todas as coisas. Deus, que é Todo-poderoso, não é surpreendido por nada do que aconteceu, está acontecendo ou ainda acontecerá. Ele tem domínio pleno sobre todas as coisas (1Cr 29.12; Jó 42.2). Diante disso, preocupação excessiva e desespero servem apenas para causar males desnecessários. Em Filipenses 4.6 está escrito: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”.
Nossa súplica a Deus é que essa crise passe logo para que, enfim, possamos dar sequência às nossas rotinas. Contudo, é necessário que saibamos que, infelizmente, outras crises virão, seja no âmbito global ou individual, podendo nos causar danos irreparáveis, gerando dor e sofrimento. Infelizmente, os crentes não estão livres dessas coisas. Afinal, “sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.22-23). O que deve nos trazer consolo, porém, é que servimos a um Deus Todo-poderoso, que escreveu a história do mundo desde a eternidade, e que, portanto, nada escapa aos seus desígnios (Ef 1.11). Estejamos todos certos ainda de que não devemos andar ansiosos, sendo consumidos pelas preocupações dessa vida (Mt 6.27). Devemos, isso sim, nutrir a real esperança de que um dia, enfim, habitaremos em um novo céu e nova Terra, a nova Jerusalém, onde não haverá luto, nem pranto, nem dor. Lá gozaremos a eternidade na presença do nosso Rei Soberano (Ap 21.2,4; 22.5).
Amém! Vem, Senhor Jesus!
Robson Alves