Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Pegando Carona na Cauda do Cometa

Em 1982, Guilherme Arantes escreveu uma música infantil que fez muito sucesso — Lindo Balão Azul — que, em seu momento alto, traz os versos: “Pegar carona nessa cauda de cometa, ver a Via-láctea, estrada tão bonita, brincar de esconde-esconde numa nebulosa, voltar pra casa, nosso lindo balão azul”. A música ajudou a aumentar a expectativa sobre o avistamento do cometa Halley, que passa em nossas vizinhanças celestiais a cada 76 anos e iria novamente brilhar nos céus em 1986.

Todavia, cometas nem sempre foram vistos com a benignidade que Guilherme Arantes entoou em sua canção. O historiador judeu Flávio Josefo, em A Guerra dos Judeus, descreveu a destruição do templo de Jerusalém (70 d.C.) sob uma “estrela com formato de foice e um cometa”. No período medieval, cometas normalmente estavam associados a epidemias, pestilências, mortes, tempos difíceis, escassez e tempos de fome. E na penúltima aparição do cometa Halley, em 1910, muitos temeram que a civilização fosse envenenada por ácido cianídrico que havia sido recentemente descoberto como um dos componentes da cauda do cometa. Cometas continuam habitando o imaginário popular e não demoraria muito para que seitas ufológicas o incorporassem em suas doutrinas demoníacas. Em 1997, em San Diego (Califórnia), o líder da seita Heaven´s Gate, Marshall Applewhite, convenceu dezenas de seguidores a literalmente “pegar carona na cauda do cometa” Hale-Bopp por meio do suicídio coletivo, pois acreditavam que isso permitiria que viajassem até uma nave espacial alienígena que, supostamente, acompanhava o cometa.

Cometas são descritos como “icebergs sujos” que giram em torno do Sol em órbitas altamente elípticas. Eles têm, em geral, alguns quilômetros de diâmetro — o cometa Halley, por exemplo, tem 10 quilômetros. O núcleo gelado é o combustível para a “cauda”, o qual está sendo lentamente destruído toda vez que se aproxima da estrela. Isso faz com que os cometas se tornem menos visíveis em suas passagens posteriores. Quando os cometas passam perto do Sol, parte do gelo evapora e forma uma cauda geralmente de 10 a 100 mil quilômetros de largura. O vento solar (partículas carregadas que irradiam do Sol) empurra uma cauda de íons (átomos eletricamente carregados) diretamente no sentido oposto. A radiação solar afasta partículas de poeira para gerar uma segunda cauda que se curva suavemente para longe do sol e para trás. Logo, a aparência de uma estrela cabeluda é responsável pelo termo “cometa”, da palavra grega κομητης (comētēs), que significa “cabelos compridos”.

O consumo do núcleo dos cometas impõe um problema para o evolucionismo, pois, dada a taxa observada de perda do núcleo, os cometas não poderiam estar orbitando o Sol por supostos bilhões de anos. Eventualmente, o núcleo perderá toda sua massa enquanto orbita o Sol e deixará de existir. Dito isso, a curta vida dos cometas se harmoniza com um Sistema Solar jovem, criado na semana da criação, especificamente no quarto dia, alguns milhares de anos atrás. O problema com a escala temporal evolucionista é realçado pela subdivisão que os cometas possuem: cometas de período curto (menos de 200 anos), como o Halley, de 76 anos, e cometas de período longo (mais de 200 anos). O período mais alto de uma órbita estável de cometa seria de cerca de quatro milhões de anos, se o máximo possível de afélio (ponto mais distante em órbita do Sol) fosse 50 mil Unidades Astronômicas (UA) — 1 UA é igual à distância entre a Terra e o Sol. No entanto, mesmo com essa longa órbita (4 milhões de anos), um cometa desse tipo ainda teria feito 1.200 viagens ao redor do Sol se o sistema solar tivesse 4,6 bilhões de anos, levando-o à sua extinção muito tempo antes. Se essa projeção é prevista no cenário mais conservador (órbita de 4 milhões de anos), o problema é ainda maior com os cometas de período curto.

Os evolucionistas, portanto, buscam resolver essas inconsistências com teorias que explicariam um reservatório imenso de cometas que os liberaria durantes os dogmáticos bilhões de anos evolucionistas. Uma dessas teorias é a Nuvem de Oort, de 1950. Esta seria uma suposta nuvem esférica de cometas que se estende até três anos-luz do Sol e seria uma fonte de cometas de longo período liberados para o Sistema Solar, precipitados por estrelas em movimento, nuvens de gás e outras perturbações galácticas. Todavia, os problemas são que essa suposta nuvem nunca foi observada, que o modelo não se harmoniza bem com o fato de que as colisões de cometas nessa nuvem teriam destruído sua maior parte e que o modelo previa cerca de 100 vezes mais cometas quase isotrópicos (cometas de longo período e do tipo do Halley) do que que são realmente observados. Com relação a essa última objeção, os evolucionistas defendem ideias não verificáveis como uma “função arbitrária de desvanecimento” que postula que cometas devem deixar de existir antes mesmo que tenhamos a chance de vê-los!

Como fonte de cometas de período curto, os evolucionistas dizem que o Cinturão de Kuiper é outro suposto reservatório de cometas em forma de disco por volta de 30 a 50 UA (além da órbita de Netuno). Para lidar com o dilema evolutivo, deveria haver bilhões de núcleos de cometas no cinturão de Kuiper, mas apenas algumas centenas de objetos, que não se assemelham a cometas, tinham sido encontrados até 2003. Logo, esses objetos transnetunianos encontrados até agora são muito maiores do que os cometas e, até o momento, não se documentou nenhuma descoberta de cometas nessa região do Sistema Solar.

Outra explicação para a origem dos planetas é de origem interestelar. Todavia, essa teoria é vastamente repudiada pelos astrônomos porque os cometas teriam órbitas hiperbólicas e velocidades que excederiam a velocidade de escape solar. Essa teoria só está sendo citada nesse texto porque o Dr. Hugh Ross, à frente da organização Reasons to Believe, defende o teísmo evolucionista alimentando uma interpretação bíblica liberal de Gênesis que infectou os seminários de todo mundo.

Durante a Grande Tribulação, após o toque da terceira trombeta, um corpo celeste chamado Estrela “Absinto”, talvez um cometa (ou meteoro), por causa da comparação com uma tocha que deixa um rastro de fogo no ar como uma cauda, será usado para trazer juízo à Terra com uma consequência curiosa: ainda que as duas primeiras trombetas presumivelmente tragam morte aos seres humanos, é apenas na terceira trombeta que João especificamente realça que os homens morrerão — e tudo por causa das águas que se tornarão amargas e tóxicas pela queda desse cometa (Ap 8.10,11).

No entanto, a Escritura nos mostra graciosamente um outro cenário — uma estrela que purifica as águas! Essa estrela que purifica as águas é a Estrela da Manhã (Ap. 22.16), o Senhor Jesus Cristo, que nos sacia espiritualmente em sua obra redentora: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Ev. Leandro Boer

 

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