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Os Extraterrestres do Adventismo do Sétimo Dia

 

Segundo o relatório estatístico de 2016 da divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ainda que tendo presença adventista em 215 países, 70% dos adventistas (mais de 2 milhões) vivem na América Latina e África, sendo que aproximadamente 52% dos adeptos são jovens com menos de 35 anos.

Os primórdios dessa igreja remontam à profecia do pregador William Miller (1782-1849), que previu que Cristo retornaria à Terra (advento) entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844. Todavia, como o advento não ocorreu, ele reconsiderou sua profecia, postergando-a para 22 de outubro de 1844, o que, igualmente, levou à grande decepção de seus seguidores. No começo do mesmo ano, 1844, a jovem Ellen Harmon (nome de solteira) afirmou ter tido visões que a levaram, juntamente com seu marido, James White, com quem se casou em 1846, a fundar a Igreja Adventista do Sétimo Dia, em 1860.[1]

Os adventistas creem na continuidade do dom da profecia e afirmam que é uma característica da igreja remanescente. Eles também afirmam que o dom foi manifestado no ministério de Ellen G. White, sendo que “seus escritos falam com autoridade profética e proveem consolo, orientação, instrução e correção para a igreja”.[2]

Embora os adventistas pareçam evitar falar sobre as afirmações acerca de extraterrestres em seu proselitismo, esses escritos existem — não isolados de cuidadosas notas editoriais para tentar proteger as profecias de Ellen White de qualquer erro ou controvérsia.

No capítulo “Outro testemunho na visão dos planetas”, do livro O Grande Movimento Adventista, de J. N. Loughborough, temos a carta datada de 27 de janeiro de 1891 da Sra. Truesdail, que se encontrava presente quando Ellen White, em visões, descreveu planetas para o cético capitão Bates: “Esta foi sua primeira visão sobre o mundo estelar. Após contar em voz alta as luas de Júpiter e, logo após, as de Saturno, ela nos deu uma bela descrição dos anéis deste último”.[3]

A contagem de luas de Saturno e Júpiter estava equivocada (incompleta) no momento dessa visão. Logo, as notas editoriais adventistas se apressam em dizer que Ellen White nunca nomeou os planetas e sim o capitão Bates, para quem ela descrevia os planetas. Todavia, embora a nota editorial diga que Ellen White estava inconsciente às reações das pessoas ao seu redor, sabemos que ela conversou conscientemente sobre sua visão com o capitão Bates e, ao que tudo indica, não o impediu de que cresse na “validação profética” que o fez a aceitar a seita:

“Todos sabíamos que o capitão Bates era um grande amante da astronomia, pois frequentemente localizava muitos corpos celestes para nos instruir. Após a visão, quando a irmã White lhe disse, em resposta às suas perguntas, que ela nunca havia estudado ou adquirido qualquer conhecimento nesse sentido, ele se encheu de felicidade e alegria. Louvou a Deus e expressou sua crença de que essa visão, acerca dos planetas, foi dada para que ele nunca mais duvidasse”.[4] Durante o mesmo episódio, Ellen White prosseguiu descrevendo santos extraterrestres que habitam outros mundos e nunca pecaram, dizendo: “Os habitantes são um povo alto e majestoso, bem diferente dos habitantes da terra. O pecado nunca entrou aqui”.[5]

Não se sabe com certeza absoluta se, ao se referir aos “outros mundos”, Ellen White tinha em mente Júpiter a Saturno. Se foi esse o caso foi esse o caso, como as circunstâncias da revelação ao capitão Bates parecem apontar, então realmente ela passou longe da verdade, pois, como sabemos, Júpiter e Saturno são planetas gasosos, o que impediria que extraterrestres pudessem até mesmo andar ou edificar suas casas nesses planetas.

No capítulo “O amor de Deus por seu povo”, do livro Primeiros Escritos, Ellen White não apenas tem visões de planetas, mas conversa com extraterrestres que conhecem a Terra e vivem em estrita obediência aos mandamentos de Deus: “O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram me dadas asas e um anjo me acompanhou da cidade a um lugar fulgurante e glorioso. A relva era de um verde vivo e os pássaros gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a expressa imagem de Jesus e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar. Perguntei a um deles por que eram muito mais formosos que os da Terra. A resposta foi: ‘Vivemos em estrita obediência aos mandamentos de Deus, e não caímos em desobediência, como os habitantes da Terra’. Vi, então, duas árvores. Uma se assemelhava muito à árvore da vida, existente na cidade. O fruto de ambas tinha belo aspecto, mas o de uma delas não era permitido comer. Tinham a faculdade de comer de ambas, mas era-lhes vedado comer de uma. Então, meu anjo assistente me disse: ‘Ninguém aqui provou da árvore proibida; se, porém, comessem, cairiam’”.[6]

No capítulo “Caim e Abel provados”, do livro Patriarcas e Profetas, Ellen White ainda afirma que ilibados extraterrestres são atentos expectadores dos acontecimentos de nosso desobediente planeta sob a influência de Satanás: “Os santos habitantes de outros mundos estavam a observar com o mais profundo interesse os acontecimentos que se desenrolavam na Terra. Na condição do mundo que existira antes do dilúvio, viram o exemplo dos resultados da administração que Lúcifer se esforçara por estabelecer no céu, rejeitando a autoridade de Cristo, e pondo à parte a lei de Deus”.[7]

Todavia, suas afirmações sobre extraterrestres, de imaculado caráter e santidade, espalhados pelo universo, não se harmonizam com a afirmação bíblica de que o pecado entrou no mundo (κόσμος — cosmos) de modo universal e completo (Rm 5.12) e de que toda a criação (κτίσις — ktisis), que não deixa escapar, para efeitos hipotéticos, até mesmo os extraterrestres, foi sujeita à vaidade e vive em angústia e corrupção até que a redenção completa ocorra (Rm 8.20-22).[8]

Ainda no livro Primeiros Escritos, Ellen White surpreendentemente confirma que Enoque é, hoje, um extraterrestre com habilidade de visitar um mundo com sete luas: “Então fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o bom e velho Enoque, que tinha sido trasladado”.[9]

No capítulo “Por que o pecado foi permitido?”, do livro Patriarcas e Profetas, Ellen White menciona que parte do plano de Satanás era incitar a rebelião de anjos e extraterrestres contra Deus: “Lúcifer, sendo o querubim ungido, fora altamente exaltado; era grandemente amado pelos seres celestiais e forte era sua influência sobre eles. O governo de Deus incluía não somente os habitantes do céu, mas de todos os mundos que ele havia criado; e Lúcifer concluiu que, se ele pôde levar consigo os anjos do céu à rebelião, poderia levar, também, todos os mundos. Tinha ele artificiosamente apresentado a questão sob seu ponto de vista, empregando sofisma e fraude, a fim de conseguir seus objetivos”.[10]

Entretanto, a Escritura nos revela sobre os planos de rebelião de Satanás e não identificamos nele qualquer ambição intergaláctica, mas um plano focado e restrito ao planeta Terra, pois, quando solto de sua prisão de mil anos, ficará concentrado em apenas em nosso mundo: “Sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja” (Ap 20.7,8).

No capítulo “O abalo das potestades do céu”, do seu livro Primeiros Escritos, Ellen White sugere que a Nova Jerusalém descerá de Órion: “Pudemos, então, olhar através do espaço aberto em Órion, de onde vinha a voz de Deus. A santa cidade descerá por aquele espaço aberto”.[11]

Todavia, a Escritura diz que não haverá mais Órion ou qualquer outra galáxia quando a Nova Jerusalém surgir, pois “os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (2Pd 3.7). Também o apóstolo João claramente indica que a Nova Jerusalém descerá num momento em que o “primeiro céu e a primeira terra passaram” (Ap 21.1-2), de modo que a vinda da Nova Jerusalém é posterior à eliminação dos céus e terra atuais.

Ademais, é contrário à natureza de Deus a ideia de que os céus que agora existem e a terra serão completamente destruídos pelo fogo e, consequentemente, trarão juízo para os santos extraterrestres que “ostentam a expressa imagem de Jesus” em lugares em que o pecado nunca entrou.[12] Ironicamente, a descrição desses santos e obedientes extraterrestres ocorre no capítulo intitulado “O amor de Deus por seu povo”, do seu livro mais famoso, Primeiros Escritos, ao que cabe a pergunta: “Por que esse Deus amoroso trará destruição a inocentes extraterrestres que nunca pecaram?”.

Os adventistas dizem que os escritos de Ellen G. White “também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência”.[13] Todavia, o que notamos é que seus escritos expostos nesse texto não se harmonizam com o ensino bíblico e, até mesmo, contrapõem-se àquilo que Deus nos revelou em sua Palavra.

Alerta-se, portanto, sobre os perigos e enganos dessa seita que, infelizmente, espalhou-se pela América do Sul e que continua a manter distantes milhares de pessoas da sã doutrina. Esses erros gritantes no campo do conhecimento sobre os planetas e sobre a suposta vida extraterrestre são apenas um prenúncio de outros problemas doutrinários ainda maiores ensinados por essa seita, inclusive no campo soteriológico, e uma prova cabal da falsidade de Ellen G. White ao se apresentar como profetiza de Deus, cuja mensagem e ensinos teriam origem divina. O que a abordagem errônea e absurda dessa senhora sobre o tema em questão evidencia é que se trata apenas de mais uma falsa profetiza na história da igreja e que, portanto, não pode servir de base à fé e que se deve descredenciar seus seguidores, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que continuam a afirmar o papel profético de sua mentora, como veículos de ensino bíblico correto e acertado. Que fiquemos todos bem alertas a tais perigos e enganos!

Ev. Leandro Boer



[1] Weintraub, D. A. Religions and Extraterrestrial Life: How Will We Deal With It? Switzerland: Springer International Publishing, 2014, p. 146.

[3] Loughborough, J. N. O Grande Movimento Adventista. Oregon: Adventist Pioneer Library, 2014, p. 218.

[4] Loughborough, J. N. O Grande Movimento Adventista, p. 218-219.

[5] Loughborough, J. N. O Grande Movimento Adventista, p. 218.

[6] White, E. G. Primeiros Escritos. Ellen G. White Estate, Inc., 2007, p. 60-61.

[7] White, E. G. Patriarcas e Profetas. Ellen G. White Estate, Inc., 2007, p. 53.

[8] O autor reconhece a possibilidade de Paulo, nesse texto, estar se referindo à natureza existente nos limites deste mundo.

[9] White, E. G. Primeiros Escritos, p. 60-61.

[10] White, E. G. Patriarcas e Profetas, p. 15.

[11] White, E. G. Primeiros Escritos, p. 62.

[12] Idem.

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