Sábado, 20 de Abril de 2024
   
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Púlpitos Quebrados

Pastoral

Há certo tempo, meu pastor quebrou o púlpito enquanto pregava. Tomado pela seriedade e urgência da mensagem, num momento efusivo de grande veemência durante a exposição bíblica, ele bateu com sua mão no vidro que servia de apoio para a Bíblia e para o esboço do sermão. Imediatamente, ouviu-se o estilhaçar alto do vidro seguido por um silêncio tumular da congregação, então estarrecida pelo evento inédito. Alguns segundos se passaram e o pregador afirmou não estar machucado, prosseguindo normalmente sua homilia.

Esse episódio me fez lembrar de acontecimentos semelhantes, registrados na Bíblia, em que homens de Deus apresentaram com grande intensidade a mensagem. Moisés, por exemplo, chegou a quebrar as tábuas da lei antes de derreter o bezerro de ouro e fazer com que o povo o bebesse, tamanha a idolatria praticada por Israel (Êx 32.19-20). O profeta Elias, por intermédio do Senhor e para mostrar que só há um Deus, utilizou fogo ao confrontar os profetas de Baal, queimando completamente o altar, a lenha, as pedras e a água (1Rs 18.38). O próprio Senhor Jesus Cristo, ao expulsar os mercadores do templo, utilizou um chicote de cordas e afetou todo o comércio ilícito que era realizado ali (Jo 2.14-16), fazendo os discípulos lembrar e aplicar a esse acontecimento o texto em que está escrito que “o zelo da tua casa me consumiu, e as injúrias dos que te ultrajam caem sobre mim” (Sl 69.9).

Tudo isso me levou a refletir sobre o tratamento que atualmente é oferecido aos púlpitos das igrejas. Para prejuízo do evangelho, cresce exponencialmente o número de pregadores reféns dos desejos de sua congregação (2Tm 4.3-4), submissos ao humanismo exacerbado e domados por diversas estratégias e métodos de captar e agradar tão somente o público.

Os púlpitos dos dias atuais estão cheios de rachaduras causadas pela mentira, infestados pelo cupim da ganância, destruídos pela desídia de homens com intenções escusas e que angariam multidões de seguidores. Vemos e vivemos em cores vívidas o cenário de apostasia pintado pelo apóstolo Pedro: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2Pe 2.1-3).

Além de terem abandonado a “verdade bíblica” que os sustenta, é comum encontrar púlpitos ocos, suscetíveis à ruína ocasionada por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14). Lugares de onde só emanam jargões evangélicos e repetições inúteis inventadas para entorpecer as multidões que, num estado de suposto êxtase emocional, agem como animais irracionais, urrando, gritando, engatinhando, falando e fazendo coisas sem sentido (2Pe 2.12).

Não é necessário muito esforço para encontrar púlpitos desmantelados pelo desmazelo, pela heresia e pela distorção da Palavra. Ao invés de quebrantar os corações pela firmeza e poder da Palavra de Deus (Hb 4.12) e incitar o arrependimento genuíno (Sl 51.17), são púlpitos maquiados por falsas promessas de prosperidade, triunfo e experiências emocionais, e, por dentro, escondem rapina, imundícia e torpe ganância (Mt 23.27; Tt 1.11).

Diante desse quadro deplorável, nossa súplica a Deus é que mantenha os púlpitos de sua igreja lustrados pelo verniz brilhante da verdade, conservados pela pureza da sã doutrina e maciços em fidelidade às ordenanças do Senhor. Que encontremos, nesse cenário caótico e de devastação, belas tribunas, resistentes e leais à Escritura antiga. Que as vidas quebrantadas, os pecados destruídos e os egos demolidos sejam mais recorrentes nas igrejas verdadeiras, e que, ao invés de serem arruinados pela heresia e apostasia, os púlpitos sejam quebrados pelo peso e autoridade da Palavra.

Isaac A. Pereira

IBR Pinheiros

 

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