Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Quem São os Crentes?

Pastoral

“Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (Jd 1).

Na concepção popular, crente é apenas o adepto de uma “seita protestante”. De fato, se quisermos construir uma definição baseada na observação superficial das coisas, chegaremos à conclusão de que o crente é isso mesmo: alguém que passou a frequentar as reuniões de uma igreja que se percebe como evangélica, não importando muito o que o atraiu nessa direção.

Se, contudo, nos propusermos a criar um conceito mais bem-elaborado, com algum conteúdo teológico correto e relevante, temos de desviar um pouco os olhos da realidade (aliás, bem ruim) que nos cerca e observar o que o Novo Testamento afirma sobre a identidade do crente. Obviamente, os evangelhos, o livro de Atos, as epístolas e o Apocalipse oferecem dados mais do que suficientes para construirmos um conceito correto do crente. Como, porém, não é possível fazer uma análise tão exaustiva aqui, vou apontar os elementos de uma definição presente somente no versículo que encabeça esse texto: Judas 1.

De acordo com o versículo supracitado, os destinatários a quem Judas dirige sua carta, sendo crentes, eram descritos de três maneiras. Em primeiro lugar, Judas diz que eles eram “chamados” (por Deus, obviamente). Essa forma de se referir aos cristãos foi adotada também por Paulo (ex.: Rm 1.6-7; 1Co 1.2,24). Aliás, nos textos paulinos, os crentes são definidos não somente como pessoas que foram chamadas, mas também (e especialmente) como pessoas que responderam positivamente à vocação divina. De acordo com Paulo, os crentes ouviram a voz de Deus os convocando para serem de Jesus Cristo e para serem santos, e eles atenderam ao apelo dessa voz, como o próprio Cristo disse que aconteceria (Jo 10.16). Paulo também esclarece que, antes de serem chamados, os crentes foram predestinados por Deus para serem conforme à imagem do seu Filho. O apóstolo acrescenta que, depois de tê-los chamado, o Senhor os justificou, sendo agora certa a sua glorificação futura (Rm 8.30).

O texto de Judas não especifica o fim para o qual os crentes foram chamados, segundo a visão do autor. Contudo, os dois itens seguintes talvez mostrem o alvo dessa vocação. De fato, o texto em pauta define os crentes como “amados em Deus Pai”. Isso talvez mostre um dos objetivos do chamado, mas não somente isso. Na verdade, a expressão também fornece mais um elemento que nos ajuda a entender quem é o crente: ele é alguém amado. Mas note-se bem: ele não é apenas amado por Deus; é também amado em Deus. Isso provavelmente significa que o crente não é somente um filho amado pelo Pai, mas um filho que, sendo amado por ele, permanece em seus braços. Dessa forma, a expressão “amados em Deus Pai” não denota somente o sentimento amoroso de Deus pelo crente, mas, acima de tudo, seu cuidado paternal que o protege do mal e da queda, e também o afaga e consola. Quão gloriosa e privilegiada é essa condição do cristão verdadeiro!

Finalmente, Judas define os crentes como indivíduos “guardados em Jesus Cristo”. A expressão “em Jesus Cristo” também pode ser traduzida como “por Jesus Cristo” ou “para Jesus Cristo”. As duas opções destacam a segurança eterna dos crentes, mas a segunda, além de realçar que o cristão está seguro para sempre, sugere a noção adicional de propósito, isto é, Deus nos guarda para Cristo, para pertencermos a ele, para servi-lo e sermos fiéis a ele. Há também, implícito aqui, um objetivo escatológico no ser guardado: Deus nos guarda para Cristo no sentido de que viveremos eternamente para sua glória. É interessante notar que o particípio perfeito adotado nos dois últimos casos (amados e guardados) não aponta apenas para algo ocorrido no passado, mas também para uma condição ou estado fixos de que se desfruta agora.

Eis aí, portanto, um pouquinho do que o NT ensina sobre a identidade do cristão. A partir dessa pequena amostra, já dá pra perceber que nem todos os que se definem como crentes, são de fato. Infelizmente, muitos “cristãos” que vemos hoje são apenas incrédulos que desenvolveram o hábito de frequentar supostas igrejas evangélicas na busca de curas, prosperidade, sucesso ou algum tipo de entretenimento. Os chamados, amados e guardados permanecem, pois, debaixo da designação honrosa de “pequenino rebanho” e a porta que conduz à vida continua estreita, com poucos passando por ela.

Pr. Marcos Granconato

Non nobis, Domine

 

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