Sexta, 29 de Março de 2024
   
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A Linhagem dos Papas Fofinhos

 

“O coração de um homem é uma roda de moinho que trabalha sem cessar; se nada for jogado para moer correrá o risco de que ele triture a si mesmo”.

Martinho Lutero

Não deveria ser surpresa para ninguém que o pináculo da hierarquia da igreja católica é marcado por papas terríveis e infames que, tendo suas mãos sujas de sangue e sêmen, macularam profundamente a alegada sucessão apostólica de Pedro.

Dentre os 266 papas da história, há tanta imoralidade, violência e corrupção que não é difícil criar uma lista dos “Top 10 Papas-vilões”, composta primariamente por homens que ocuparam a cátedra antes do Concílio de Trento (1545-1563). Aliás, o mal procedimento dos papas foi tão intenso que uma série televisiva de ficção histórica foi criada “Os Bórgias” (2011) , tendo o ator Jeremy Irons interpretando o vil Rodrigo Bórgia (Papa Alexandre VI). Para aqueles que desejam conhecer um pouco mais a história do papado e os detalhes vergonhosos da sua trajetória podem ler livros como “A História Negra dos Papas”, de Brenda Ralph Lewis.

Todavia, o objetivo deste artigo não é discorrer sobre os papas vilões, mas alertar a respeito de uma nova linhagem de papas que é, sob o aspecto espiritual, igualmente perigosa: os papas “fofinhos”. Ademais, vale lembrar, que este artigo não foi escrito com o propósito primário de alertar católicos, ainda que o valha, mas aos evangélicos que, por não entenderem os princípios mais elementares da fé cristã, dizem tolices ecumênicas reprováveis. Para entender melhor a confusão evangélica no tocante a esse assunto, leia a pastoral “Não Tenho Nenhum Irmão Católico”, do Pr. Marcos Granconato.

Sempre houve papas fofinhos na história devido à obesidade que é frequentemente retratada por seus pintores. Alguns deles, aliás, eram justamente fofos por causa da glutonaria e outros excessos. No entanto, os papas “fofinhos” não são rechonchudos necessariamente. Eles compõem um fenômeno mais recente e as características que os une são adjetivos no grau diminutivo como “bonitinho”, “bonzinho” e “meiguinho”. Caso você ainda tenha dificuldade para entender o que seria uma pessoa “fofa”, uma adolescente de 15 anos pode facilmente explicar os critérios para a devida classificação.

A linhagem dos papas “fofinhos” teve início com o Papa João Paulo II (Karol Wojtyla, 19202005), mas o seu aperfeiçoamento tem sido claramente demonstrado pelo atual Papa Francisco I (Jorge Mário Bergoglio), que tem a “fofura” alavancada pela expansão dos meios de comunicação com a popularização das mídias sociais e seus usuários rasos com dedinhos em arco-reflexo no botão “curtir” que, talvez, pensem que uma “curtida” seja o equivalente espiritual de uma “Ave-Maria”, numa espécie de rosário virtual. É aquele momento em que muitas pessoas se sentem mais espirituais, mesmo tendo deitado seus olhos em imagens e “curtido” assuntos que os papas vilões adorariam curtir também.

O mundo tem agora um papa com um discurso demagógico e ambíguo que sacrifica, inclusive, a própria teologia católica. Frequentemente o papa, com seu discurso “conciliatório”, deixa temas como homosexualidade e até terrorismo! (comentário sobre o incidente com a revista Charlie Hebdo) para a Santa Sé se explicar num segundo momento, dizendo que “não é bem assim” mas aí o crédito de ovação já foi depositado em sua conta.

É também lamentável ver como seu discurso afaga comunistas que defendem uma ideologia que busca, entre outras purificações políticas, a erradicação do próprio cristianismo, com clara comprovação histórica. É um papa que parece ter apreciado o efeito que o aplauso tem sobre o coração humano e se mantém inebriado com os seus índices de aprovação popular. Sua agenda se confunde facilmente com as da ONU, da OMS, da Unesco, da Unicef e até do Greenpeace!

Sim, o “Papa é pop”, como dizem os “Engenheiros do Havaí”, e no mês da Bíblia para os católicos (setembro) o atual papa alcançou um feito inédito para o Vaticano: discursou aos congressistas americanos, logo depois de visitar Cuba. É como diz a letra da música citada acima “qualquer nota, qualquer notícia, páginas em branco, fotos coloridas” Estariam os músicos profetizando?! Enfim, um discurso de mais de treze laudas jornalísticas com alertas sobre a paz política mundial dignas de uma candidata a Miss Universo. Versículos? Apenas um Mateus 7.12 e ainda reduzido à categoria de “regra de ouro” que até os ateus endossam.

Quantas vezes Jesus é mencionado em seu texto? Nenhuma vez! Um sério deslize para quem é considerado o “Vigário de Cristo” na Terra. Mas, afinal, os tempos mudaram, e para que ter um discurso cristocêntrico se a história proveu para o discurso do papa os exemplos americanos de Abraham Lincoln, Martin Luther King, Dorothy Day e Thomas Merton?

Agora note, por favor: não há mal algum em termos um cristianismo genuíno politizado. Aliás, a própria Escritura apresenta a politização como uma virtude de uma das tribos de Israel: “dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens” (1Cr 12.32). Ademais, o próprio apóstolo Paulo, embora benjamita, reunia as características de um “filho de Issacar” e, “conhecendo sua época”, portou-se devidamente ante governadores, autoridades, reis e até mesmo Nero (At 25.1-27), sem nunca titubear no conteúdo de sua pregação que era a confrontação do pecado e a conclamação ao arrependimento e à fé salvífica guardada exclusivamente em Cristo. Portanto, o livro de Atos é uma narrativa precisa de como são os homens de Deus que lidam com a política e a proclamação fiel do evangelho de Cristo, sem mudar as prioridades da igreja fundada por ele.

Minha oração é para que a Igreja de Cristo não seja um instrumento político, mas repleta de homens e mulheres politizados que bem conheçam o seu propósito magnífico de glorificar a Deus e arrebanhar os eleitos (1Pe 2.9; Ef 1.6,12,14; 2.6-7).

Ev. Leandro Boer

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