Sábado, 20 de Abril de 2024
   
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Legado Neandertal

Há algum tempo ouvi uma pessoa descrever um famoso lutador de boxe como um “neandertal” devido à desproporcionalidade entre sua incrível força e sua aparentemente baixa inteligência. Por que, porém, o termo “neandertal” foi usado de forma tão pejorativa por aquela pessoa?

Tudo começou em 1856, quando ossos de um homem com características específicas foram encontrados no Vale de Neander, na Alemanha. Desde então, muitos cientistas têm defendido que neandertalenses desfrutaram de uma vida menos privilegiada quando comparada com os assim chamados primeiros seres humanos, o povo “Cro-Magnon”. Segundo dizem, sua inferioridade foi devida a uma suposta falta de habilidade linguística, além da eventual ausência de perspicácia, criatividade e outras capacidades cognitivas próprias dos humanos modernos. Em suma, neandertalenses têm sido apontados por cientistas evolucionistas como um elo entre seres inferiores e os humanos modernos ou como uma extinta ramificação evolucionária de um ancestral primata.

Pensando dessa forma, quando alguns estudiosos evolucionistas eram confrontados com o fato de que o cérebro dos neandertalenses era maior do que o dos seres humanos, a justificativa era de que o cérebro deles, apesar de maior, era de “má qualidade”! Para piorar a fama dos neandertalenses, reconstruções artísticas influenciadas por falsas premissas geraram incontáveis imagens deles com aparência primata em diversos livros e revistas, apesar de ossos não poderem, de forma alguma, fornecer pistas para a reconstrução dos cabelos ou das partes moles do rosto, como o nariz e as orelhas. Na verdade, na contramão disso, pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, ainda na década de 1990, deixando o lápis e a imaginação de lado, utilizaram técnicas forenses computadorizadas para reconstrução facial a partir dos crânios de neandertalenses. O resultado foi o delineamento de rostos humanos que não causariam espanto em ninguém (a não ser que o dono do rosto viesse pra cima de você andando de forma esquisita e gritando “uga-uga” com um tacape na mão!).

Nós, crentes, que aceitamos a veracidade do relato de Gênesis, acreditamos sim que os neandertal existiram, mas rejeitamos a ideia de que eles eram “subumanos”. Aliás, nós desprezamos o ensino de que seres subumanos tenham existido em qualquer época da história desde a criação. Segundo sabemos, todos os fósseis neandertalenses são do período pós-diluviano, o que prova que os neandertal foram apenas um grupo de pessoas que se distinguiu de outros grupos após a dispersão de Babel e adentraram a Era do Gelo (a única e não a última que tivemos, como alegam os evolucionistas), não havendo nada que justifique o conceito de que eram brutamontes semirracionais que só falavam “uga-uga”. De fato, só foi preciso esperar um pouco para descobrir evidências de que o homem neandertal se encaixa perfeitamente no relato bíblico e não é em nada inferior ao ser humano moderno.

Nesse sentido, considere-se o seguinte: a análise científica mostrou que o osso hioide (relacionado ao aparelho fonador) dos neandertalenses em nada se diferencia em sua estrutura do osso hioide de humanos modernos. Que razão haveria, então, para crer que eles não falavam direito? Evidências arqueológicas demonstraram também que o homem neandertal realizava rituais com adoção de símbolos, pondo-os em prática quando era acometido de dores emocionais muito intensas, como as decorrentes da morte de crianças, por exemplo. Adornos, utensílios e ferramentas para caça usadas por neandertalenses revelam que seus fabricantes tinham nítida noção de aerodinâmica. Aliás, sem uma inteligência como a nossa, dificilmente aquelas pessoas sobreviveriam à Era do Gelo, pois não seriam capazes de desenvolver tecnologia para proteção contra o frio e estocagem de alimentos. Ademais, a arqueologia encontrou neandertalenses enterrados junto com humanos modernos, mostrando sua afinidade. Como se sabe, o desejo de ser enterrado com seu próprio povo é característica dos seres humanos comuns e denota, no mínimo, uma significante identificação com o próximo.

Evolucionistas e criacionistas não discordam que neandertalenses e homens modernos viveram juntos durante algum tempo, tendo o povo neandertal desaparecido “misteriosamente”. Daí surgiram muitas teorias, desde a que afirma a extinção causada pelo homem moderno até complexas teorias a respeito de doenças que acometeram os neandertalenses. Todavia, nesse aspecto, as evidências mais uma vez se harmonizam com o texto bíblico. Basta considerar que fósseis neandertal têm sido encontrados em toda a Europa, Sul da Sibéria, China e Sul da África, todos oriundos de uma região central: Babel. Essa presença de neandertalenses em todo o mundo dificulta as hipóteses de um ataque dos outros seres humanos (teria de ser um prolongado e bem-sucedido ataque mundial contra neandertalenses que eram mais fortes e usavam armas semelhantes às dos humanos modernos) e também afasta as teorias relativas a doenças, pois implicaria a ocorrência de epidemias de proporções globais, como pandemias prolongadas que acometeriam maciçamente os neandertalenses.

Por isso, ao que tudo indica, o desaparecimento dos neandertalenses foi resultado da queda da longevidade que ocorreu após o dilúvio. De fato, estudos feitos com raios-X em crânios de neandertalenses na década de 1990 e, posteriormente, com seus dentes, demonstraram que a maturação de neandertalenses era, possivelmente, mais lenta, o que revela envelhecimento demorado. Além, disso, as alterações craniofaciais, como as sobrancelhas mais evidentes (tórus supraorbital), revelaram-se mera consequência da imensa longevidade atingida por esses seres humanos.

Ocorreu, porém, que, conforme se sabe, algo mudou no meio que nos cerca após o dilúvio, fazendo com que possivelmente acumulássemos progressiva deterioração genética. Isso foi transmitido geração após geração, abreviando a longevidade dos povos subsequentes. O texto bíblico, por sinal, descreve a gradativa deterioração da longevidade após o dilúvio: Arfaxade, neto de Noé, sendo o primeiro homem nascido após o dilúvio, viveu por 438 anos. Outros que o seguiram ficaram na casa dos 400, como Selá (403) e Ebei (430). A partir daí, os seres humanos foram gradativamente encurtando seus anos de vida até chegarem aos 70 ou 80 (Sl 90.10).

Certamente, neandertalenses morreram de doenças e também foram mortos por outros seres humanos, mas nada parece justificar melhor o silencioso desaparecimento deles em todo o mundo, dando espaço ao homem moderno, do que o fato de que as pessoas já não tinham condições de viver por séculos. Foi, assim, a impossibilidade de viver por centenas de anos que fez com que os neandertalenses fossem “extintos”.

Não foi, porém, extinto o legado de fé que os possíveis neandertalenses sobreviventes da arca nos deixaram e que é mencionado em Hebreus 11.7: “Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família. Por meio da fé ele condenou o mundo e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé”. Noé, considerando o longo tempo que viveu (Gn 9.29), deve ter sido um neandertal e, ainda que seu grupo humano tenha desaparecido, sua fé permanece viva na igreja do Deus de todas as eras.

Ev. Leandro Boer


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